quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Dragon Age: Origins

Iow

(Há muito tempo estou para escrever sobre esse jogo, mas preferi esperar pelo anúncio dos melhores games de 2009 pelo GameSpot)

Então lá vai. Amantes de RPG como eu, que jogam ou jogaram D&D alguma vez na vida, já jogaram (ou ouviram falar) do game Baldur's Gate. Para quem não é tão velho assim, ao menos já viu Icewind Dale ou então o recente Neverwinter Nights.

O que esses games tem em comum? Todos possuem histórias fantásticas, focadas no single player, em um dos mundos mais consolidados de D&D: Forgotten Realms. Não há quem goste de D&D que não tenha jogado ao menos um desses games.

Porém, como em boa parte dos games que vemos por aí, as franquias vão ganhando em gráficos, mas perdendo em história, tempo de jogo, grau de liberdade (ou seja, vão ficando lineares) e diversão. Não é diferente aqui: muito consideram o antigo Baldur's Gate como o RPG de melhor história e grau de liberdade, apesar de ter gráficos terríveis (hoje em dia) e ser baseado no antigo AD&D.

A comunidade "RPGística" estava clamando por um novo Baldur's Gate. Porém, se ele fosse feito, seria sobre o D&D 4a. edição, que é o cúmulo do pior sistema que já recebeu D&D no nome até hoje. Além disso, é muita responsabilidade criar um novo game como sendo a continuação de um clássico. Qualquer coisa errada colocaria em risco o bom nome conquistado. Não é a toa que Final Fantasy XIII está a tanto tempo em desenvolvimento (a primeira demonstração foi em 2006).

Dragon Age: Origins era para ser o Baldur's Gate 3. Mas por problemas de licenciamento, acabou sendo um game completamente separado de qualquer outro sistema: não segue D&D, não acontece em Forgotten Realms, e não é a sequência de nenhum outro jogo.

Mas isso não ofuscou o brilho do game. Aliás, se fosse feito seguindo a quarta edição de D&D, provavelmente não seria tão bom.



(Vídeo promocional do jogo)

O jogo é simplesmente viciante. Não tem como começar a jogar e ficar na frente da tela por menos de 1 hora. A história (grande ponto forte do game) é empolgante. O grau de liberdade que se tem no jogo impressiona: a história pode tomar rumos completamente diferentes, dependendo das suas ações.

O combate não é aquela cena "bate-apanha-bate-apanha". Alguns aspectos randômicos foram incorporados a batalha, deixando o confronto mais realista e interessante. Isso sem dizer do já consolidado sistema de "barra de espaço para pausar", que desde Baldur's Gate faz o esquema de turnos ficar implicíto e a batalha mais fluída, sem perder o aspecto tático.



(Vídeo demonstrativo da E3 2009)



(Luta com um dragão... É o que se espera de um game com "Dragon" até no nome =P)

Os diálogos são sempre presentes, e toda e qualquer conversa é falada. Hoje em dia isso está se tornando comum nos games, mas a quantidade de diálogos presentes em Dragon Age: Origins deixa claro que eles tiveram muito, mas muito trabalho para gravar tudo.

A interação entre os membros do grupo merece destaque. Volta-e-meia você é pego de surpresa com os membros do grupo conversando entre si. As vezes a conversa é pacífica, como um tirando sarro do outro. As vezes você acha que vai sair briga. Mas o mais importante é a interação do personagem principal (você) com as demais pessoas: você pode desde brigar a ponto de expulsar o membro, até ter romances "calientes" na escuridão do acampamento.



(Depois de muita conversa dá pra levar a maga pra cama...)

Tudo isso unido a um sistema elaborado para o jogo, que segue a sua própria estrutura de raças, classes e atributos. Para se ter uma idéia, as classes básicas são somente guerreiro, mago e ladino. Todo o restante deriva de uma dessas três (bardo, ranger, clérigo, bárbaro, paladino, e assim por diante). A cada nível, ganha-se pontos para os atributos principais (que são força, destreza, força de vontade, mágica, astúcia e constituição), e um ponto de habilidade, que permite acessar magias, manobras de combate, habilidades passivas etc.. Ou seja, todo nível o mago pode ganhar uma magia nova, por exemplo.



(Criação de personagens em Dragon Age: Origins)

Amantes de MMORPG podem se perguntar: "Por que raios eu vou jogar um RPG que é só single player?"

Justamente pelo fato de ser só single player é que o jogo possui uma história tão envolvente. Se fosse mais um RPG online, cairia na vala comum de tantos jogos que vemos por aí. Dragon Age não é um game só de porradaria: se você não gosta de diálogos, intriga e diplomacia (ou intimidação, hehehe), não jogue esse jogo.

Esperei pela eleição dos melhores games do ano segundo o Gamespot justamente porque ele era um dos candidatos ao prêmio máximo (o melhor dos melhores). Além de game do ano, Dragon Age: Origins concorreu aos seguintes prêmios:
  • Melhor história
  • Melhor propriedade intelectual original
  • Melhor escrita e diálogo
  • Melhor RPG
  • Melhor jogo de PC
  • Melhor jogo de PS3
Concorrer a um prêmio significa que ele foi escolhido como um dos 5 melhores games na categoria do prêmio. Ou seja, mesmo não levando, já significa que ele é top-5. Além disso, sua nota no GameSpot foi de 9.5 (no PC), algo realmente notável.

Apesar de ser um excelente game, só levou o prêmio de melhor game de PC. O melhor game do ano foi o Demon's Souls, um game de RPG do Playstation 3.

De qualquer maneira, Dragon Age: Origins nasceu para ser um clássico, e merece ser jogado várias vezes (afinal a história muda de acordo com suas atitudes) por qualquer RPGista que se preze. Altamente recomendável, e finalmente algo que possa ser comparável ao antigo Baldur's Gate.

Té++

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

WonderKing Online

Iow

Ha muito, muito tempo atrás, numa galáxia muito, muito distante, eu jogava um MMORPG chamado MapleStory. Esse jogo tinha algo peculiar, que não se via um muitos games por aí: era um RPG Online 2D, side scrolling.

O fato do jogo ser 2D é que me prendeu. Não existiam outros RPGs assim. E relembrando a era 16 bits (de SNES e Mega Drive), não deu como não jogar.



(Jogabilidade de MapleStory)

Joguei no servidor americano por um bom tempo. Até que abriu o servidor brasileiro. Então abandonei a conta do servidor estrangeiro e fiquei no nacional.

Mas o tempo foi passando...

E reparei que jogo ficou extremamente monótono. O único objetivo do game é matar monstros. Não há PvP, o sistema de grupos é limitado (tanto que a maioria do pessoal jogava sozinho, mesmo sendo um game multiplayer), depois de um certo nível não há mais quests, ganhar experiência com o personagem era extremamente cansativo... Fora a comunidade, que no servidor brasileiro era absurdamente infantil e irritante.

Não deu outra. Apesar de gostar do aspecto 2D do game, abandonei-o. Ao jogar, eu estava mais me irritando do que me divertindo... e não é essa a proposta dos games.

Muito tempo depois, resolvi pesquisar novamente sobre MMORPGs 2D... Para ver se mais jogos haviam sido lançados, já que MapleStory, apesar dos pesares, era um game de grande sucesso.

Na minha pesquisa encontrei vários jogos, como Ghost Online, LaTale, WindSlayer, Draconica... e um em closed beta: WonderKing Online.

Ghost Online, apesar de parecer melhor que MapleStory, também sofre dos mesmos problemas de engine: limitação no que se pode fazer no jogo, combates nada emocionantes, sistema de grupo frágil.

LaTale e WindSlayer possuem vídeos legais... Mas depois que você instala e joga, credo... Que jogos ruins!!! Jogabilidade péssima. O combate só é legal nos vídeos. Bem estranho.

Draconica parece interessante, mas ele não é exatamente 2D (apesar de ser side scrolling). Assemelha-se muito ao antigo Final Fight, para dar um exemplo. Não que seja ruim, mas não era o que eu estava procurando.

E eis que testei o tal WonderKing Online. Com os cenários parecidos com os de MapleStory (inclusive os fanáticos do MapleStory acusam WonderKing de plágio), o jogo é infinitamente melhor.



(Vídeo promocional de WonderKing Online)

Mesmo estando em closed beta, ou seja, é necessário autorização para conseguir uma conta, o jogo já se mostra bem maduro para ser um forte concorrente no setor de games criado pelo MapleStory. Vantagens:
  1. Combate menos repetitivo e cansativo: as skills de combate possuem delay, obrigando você a possuir múltiplas skills de combate e ficar alternando entre elas, tendo que desenvolver a estratégia perfeita para o seu personagem;
  2. Quests, muitas quests: o game, mesmo em beta, possui quests para todos os níveis. E as quests te prendem no jogo, fazendo você sempre querer completá-las. Bem diferente das cansativas e impossíveis quests do MapleStory;
  3. Incentivo ao game em grupo: em WonderKing Online vale realmente a pena fazer party (grupo) de pessoas para jogar. O bônus de experiência é visivelmente vantajoso, e em algumas quests é praticamente imprecindível a participação de mais pessoas;
  4. Sistema de craft: isso não existe em MapleStory. Quer um item bom? Vai matar bicho pra tentar achar. Em WonderKing você pode criar seus itens, dando uma boa diversidade ao mercado;
  5. Por falar em mercado... Mercado aberto e pesquisável: no MapleStory, para você vender alguma coisa no mercado livre do jogo, é necessário pagar por isso (em dinheiro real). E quem quiser procurar um item para comprar, precisa passar de loja em loja pesquisando (a não ser que pague, em dinheiro real, por uma pesquisa automática). Em WonderKing é possível fazer tudo isso de graça, o que é bem mais cômodo tanto para quem vende quando para quem compra. Além disso, com a pesquisa de itens, a inflação do que é vendido tende a ficar mais controlada;
  6. Categorias de itens: em MapleStory, o máximo que os itens poderiam variar é no ataque base. E encontrar um item de um monstro, mesmo no começo, era quase impossível. Já em WonderKing, os itens seguem uma linha parecida com a do Diablo, ou seja, há os itens normais, os mágicos, os de set, os excepcionais e os únicos. Isso dá uma variabilidade interessante ao game. Além disso, por haver mais tipos de itens, é muito mais fácil encontrá-los nos monstros, deixando o game mais prazeiroso de se jogar;
  7. Jogabilidade: mesmo se tratando de um game 2D side scrolling de plataforma, os pulos e deslocamentos no MapleStory eram frustrantes. Em WonderKing, todos os personagens possuem dash e pulo duplo, sem necessidade de skills. Isso deixa o jogo mais dinâmico e rápido... o que se espera de um side scrolling.
Essas e outras vantagens me convenceram. Consegui um serial do closed beta e comecei a jogar WonderKing Online. Diferente de MapleStory, não vi meus níveis passarem: depois de algumas prazeirosas horas de gameplay, reparei que havia subido alguns níveis. Em MapleStory, eu jogava algumas dolorosas e enfadonhas horas, para deixar para passar de nível na semana seguinte.



(Guerreiro e Mago em WonderKing Online)



(Ladino e Arqueiro em WonderKing Online)

Se você gosta de MMORPGs, é da geração dos 16 bits, gosta (ou não) de MapleStory, dê uma olhada em WonderKing Online. Você vai se surpreender.

Té++

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

E então Deus criou Eva

Iow

Final de ano, período de férias, tempo para rever os amigos, juntar a galera e aproveitar a vida... Coisa que só dá para fazer uma vez por ano.

Chegada essa época, vou para a minha cidade natal, encontrar os antigos amigos que nunca sequer fico sabendo de qualquer notícia durante o ano todo. Hora de reunir o pessoal para jogar Wii, jogar RPG, jogar bets (taco) na rua...

E durante tantos natais e anos novos, depois de tantas indas e vindas a minha terra natal para ver os amigos, reparei que sempre tinha alguma coisa que atrapalhava o encontro anual.

Antigamente, durante a adolecência, o que mais impedia as pessoas de se reunirem era o fator "mamãe-não-quer-papai-não-deixa". Chegar de madrugada em casa? Ficar jogando na casa dos amigos? NUN-CA!!!

Essa época felizmente passou. Mas outra "época" tomou o lugar: agora quem proíbe não é mais a mãe ou o pai, e sim a namorada (noiva, esposa, ficante, enfim...).

Antes de prosseguir com a história, deixe-me abrir um parênteses para explicar algumas coisas.

1 - Diferença entre os sexos

É fato que homem e mulher são divergentes em muitas coisas. Mas uma das notáveis diferenças é com relação as amizades. Os homens tendem a fazer e manter amizades ao longo da vida, enquanto que a mulher, via intrigas e brigas (que aos olhos masculinos são completamente sem sentido), tendem a se fechar, mantendo o companheiro (e, no futuro, os filhos) como únicos laços.

Isso se explica, em parte, pela criação. Os homens, desde cedo, são ensinados a serem expansivos, conquistadores e competitivos. Já as mulheres são ensinadas a serem donas de casa, a cuidarem dos filhos e a fazerem compras no shopping. É só olhar os brinquedos de cada um: enquanto os meninos brincam de bola, bonecos de ação, naves, carros etc., as meninas brincam de casinha, bonecas, bebês, comidinha...

O resultado no futuro é que a mulher se torna possessiva com relação ao seu companheiro, impedindo que ele possa se reunir com seus amigos.

2 - Fundamentos de um relacionamento

Para que haja uma relação de subordinação, são necessárias duas pessoas: a que manda, e a que obedece.

O fato do homem ser completamente submisso a mulher é também culpa dele. Ele se sente tão inseguro no relacionamento, que faz de tudo para agradar... mesmo que isso custe até as suas amizades de anos e anos.

O que está errado nesse caso é a fundamentação do relacionamento. Um relacionamento saudável tem que possuir as seguintes características (dentre outras):

  1. Liberdade: ambos tem que possuir liberdade, tanto para falar o que pensa quanto para fazer o que gosta. Sem isso, o relacionamento tende a cair na monotonia, e bem, a grama do vizinho é sempre mais verde...
  2. Respeito: liberdade sem respeito não é liberdade, é libertinagem. É necessário que haja a ponderação do que é melhor para cada um, para um lado não dominar o outro.
  3. Confiança: confiança é essencial para se dar liberdade e se adquirir respeito. A maior prova de amor não é fazer o seu parceiro se privar das coisas que gosta para ficar com você, e sim confiar em você a ponto de te dar liberdade e te respeitar.
  4. Reciprocidade: em relacionamentos não funciona o tal "faça o que eu digo mas não faça o que eu faço". Toda a liberdade, respeito e confiança deve existir, incondicionalmente, dos dois lados. Dar o exemplo faz crescer a confiança, e com ela o respeito e a liberdade.
3 - Homem caçador e mulher coletora

Dada a criação diferenciada que cada sexo recebe na infância, e dada a própria natureza de cada um (o tal de fenótipo e genótipo), o homem tem o aspecto de caçador, enquanto que a mulher tem o aspecto de coletora.

Exemplo disso é o comportamento no shopping. O homem vai numa única loja, paga mais caro, e compra o que precisa. A mulher vai em todas as lojas, consegue preços melhores, para comprar o que não precisa.

Outro exemplo é a roda de conversa. Homens gostam de competir, seja por qualquer coisa. Portanto, qualquer reunião masculina só fica interessante se há alguma competição... e por isso que os homens geralmente só se reunem para jogar alguma coisa (seja algum esporte, seja video-game, seja RPG, seja bolinha de gude). E é aí que rola uma conversa.

Quando os homens se reunem somente para conversar, é que algo muito ruim aconteceu, ou está para acontecer. Se liga um amigo dizendo "Vamos nos reunir para jogar XYZ", ótimo, que bom. Se me liga dizendo "Vamos nos reunir para conversar", começa-se a pensar o que há de errado.

Com as mulheres já é um pouco diferente. Não é tão anormal se reunir para conversar (inclusive o assunto, geralmente, é para se falar mal de outras mulheres). Isso quando a reunião não é para fazer compras (coisa que Homens detestam por sinal).

Tendo isso claro, vamos voltar a tônica do problema. Nessas férias ocorreram alguns absurdos com relação a namoradas versus amizades. Citando alguns exemplos:

Tem um amigo que fica a semana toda ocupado com os estudos (mesmo nas férias... opção dele). Portanto só nos finais de semana é que dá para chamá-lo para fazer alguma coisa.

Eu: "E aí, vamo fazer alguma coisa? Hoje é domingo..."
Ele: "Pois é, só no final de semana que posso ver a namorada..."
Eu: "Pow, mas é só uma vez por ano!!!"
Ele: "Pois é... Mas não dá..."

E depois, para evitar futuras ligações, desligou o celular...

Não tem como não falar "fruta que partiu!!!". Outro exemplo:

Estávamos em casa jogando video-game, quando a namorada de um resolveu ligar.

Ela: "Onde você está?"
Ele: "Tô aqui na casa de um amigo..."
Ela: "Vem aqui!"
Ele: "Err... err... tá bom..."

E ele foi... Ligando pra ele no celular, quem atendia era ela, dizendo que ele não ia voltar...

Novamente, "fruta que partiu!!!".

E mais um: estávamos conversando num barzinho no centro da cidade, quando a namorada de um resolveu ligar. Ele saiu da mesa e ficou falando com ela. Ficamos duas horas ali, sendo que o cara ficou sentado na mesa conversando com a gente somente nos primeiros vinte minutos. O restante ficou falando com ela pelo celular.

E mais uma vez... "fruta que partiu!!!".

O que é isso? Que dominação é essa?

"Muito bem, a mulher tem que ser assim mesmo, senão o homem pula a cerca e troca ela pelos amigos"

Se você, cara leitora, pensa dessa maneira, tenho uma má notícia pra você. Você vai perder seu companheiro.

O motivo é simples: é da natureza masculina ser competitivo, e nada melhor do que competir com os amigos. Privando ele de se reunir com os amigos, você o estará frustrando ao longo do tempo... e chegará a hora em que a panela de pressão estourará.

Se você, caro leitor, se comporta como nos exemplos acima, e está confortável com isso, preste atenção: esse conforto, cedo ou tarde, vai se transformar em incômodo e stress. E se você trocar seus amigos pela companheira, a longo prazo, você não terá mais amigos... e daí é tarde demais.

Outra coisa absurda (aos olhos masculinos), é esse medo das mulheres perderem seus homens para os amigos. Existe um vídeo que explica exatamente como é o cérebro dos homens:



"Mulher" e "Amigos" são caixas separadas, sem interferência uma com a outra. Se você está notando que ele está passando mais tempo com os amigos do que com você, é sinal que você é chata e sem graça... E o problema não é ele, é você. Saia com as suas amigas, tente ter mais assuntos, tente ser mais interessante.

Sair com as amigas? Isso mesmo. Lembre-se da reciprocidade: a liberdade tem que ser mútua. Saia com as suas amigas, areje a cabeça... assim você esquece um pouco de ficar dependendo do seu companheiro, e esquece de ficar pentelhando. De quebra vocês ainda tem o que falar depois... e todos ganham com isso.

Portanto, leitores e leitoras, cultivem suas amizades, mesmo dentro de um relacionamento. Tudo na vida requer moderação, até na hora de dividir o tempo entre os amigos e o(a) companheiro(a). Cuide para não frustar nenhum dos lados, pois amizades e relacionamentos são como cristais: depois de quebrados, dificilmente voltam a ser a mesma coisa, mesmo depois de colados.

Té++

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Treinamento para virar planta (parte 2)

Iow

(Se você não leu a primeira parte, eis o link)

Almocei com a galera do trabalho, e fui pra casa dar uma cochilada (coisas que só quem mora perto do trabalho pode fazer =P).

Cheguei e me joguei na cama. Isso era perto das 13 horas.

Cinco minutos depois, já era quase 14 horas. No que fui levantar senti o chamado da natureza. Para o vaso e avante!!!

Peguei impulso para ir para o banheiro, e me senti meio zonzo. Deve ser o sono. Cheguei no vaso e foi, literalmente, aquela merda...

"Ué, isso aqui não deveria ser, sei lá, mais duro?" - pergunta feita em duas ocasiões: quando o cara brocha e quando tem diarréia.

Esvai-me em água (fala sério, começar uma frase com "esvai-me" é muito chique). Mas que estranho... As reações à lactose nunca são tão drásticas assim... E dois dias depois da festa? Hum...

Fiz o que tinha que fazer, e voltei pra cama, dessa vez mais zonzo ainda. Fiquei um tempo lá, fazendo um cruzeiro na Hellmann's, até que a natureza me chamou de novo. E ela não estava afim de esperar não...

Voltei pro banheiro, e dá-lhe água. Comecei a ficar preocupado. E zonzo. E mais preocupado. E água. E mais preocupado. E blééééééééé!!!

Como se não bastasse a saída repentina por baixo, veio a saída repentina por cima. Que situação. E que situação do banheiro.

Entrei embaixo do chuveiro para me lavar, e então zonzeei de vez. Quando dei por mim, estava atirado no chão do banheiro. Voltei engatinhando pro quarto.

Não podia ser só a lactose. Era algo além. Uma super-lactose? Lactose transgênica? Lactose suína (transmitida pelo ar) ?

Foi então que resolvi ativar o conselho de segurança. Peguei o celular e liguei pra namorada... farmaceuticos devem ter um "fenilisoantimerdificol" para esse tipo de coisa.

Liguei e... ninguém atendeu. De novo... nada. E de novo... nada...

Fiz calo no dedo de apertar o "religar" no celular. Fui ao banheiro, liguei, voltei, liguei, fui de novo, liguei, caí de novo, liguei...

Fiquei mais de 40 minutos tentando, antes de desistir. O amor é lindo.

"Essa invenção vai ajudar toda a humanidade em todos os momentos... menos quando você estiver morrendo em casa e quiser falar com a sua namorada farmacêutica..." - Graham Bell, inventor do telefone.

Quando fiz aquela "essa vai ser a última", ela atendeu. Chegou a tocar "Alehuia" no quarto.

Enquanto ela não vinha, eu tentava reunir força pra me levantar e ir até a cozinha, tomar alguma coisa. Mesmo completamente zonzo eu tinha a noção de que estava desidratado, depois de tantas ida e vindas do banheiro.

Mas quando eu pensava em reunir força, a força ia pro abdomen, e da-lhe vaso. Blah.

Até que ela chegou. E infelizmente ela não tinha o milagroso "fenilisoantimerdificol". O jeito era improvisar.

A primeira providênia foi verificar a temperatura. E eu estava caliente, hot-hot-hot: quase 39 graus. Solução: bora ligar para a Unimed.

Conversa vai, conversa vem, e a frase padrão foi proferida "o seu plano não cobre ambulância". Na verdade 80% das frases ditas ao se ligar para um plano de saúde começam com "o seu plano não cobre...". Então fomos invocar o poder dos impostos que pagamos: ligamos para o SAMU.

E no SAMU ouvimos a frase padrão de repartição pública: "não podemos fazer isso nesse momento". Pelo menos uma médica (ou assim espero) atendeu e passou umas orientações. Tomei remédio para conter o vômito e baixar a temperatura.

Horas depois...

Estava eu lá com ânsia de vômito e 39 graus de temperatura. Mais igual que isso, só uma kombi cheia de japoneses.

Já que nem o meu plano de saúde nem os meus impostos me salvaram, fomos atrás de quem pudesse nos ajudar. E para minha sorte, o ex-síndico do condomínio atendeu o telefone, e se prontificou para me levar até o NAS (o mesmo lugar que diagnosticou a minha pneumonia como uma simples virose. Essa história é contada aqui.).

Chegando lá, hora de esperar na fila. Quanto mais eu uso o plano de saúde, mais me convenço de que ele não serve pra nada.

Depois da fila para cadastro, hora da fila para esperar o médico chamar. Bom, não estava fazendo nada mesmo, estava ali só de bobeira, então vamos esperar né?

Assim que fui atendido, fui direto pro soro, numa sala com uma televisão passando novela das 8.

Novela - "Oh Luciana... E agora o que faremos??? Você se acidentou... Oh..."

Eu - "Liga pro SAMU, haaaaaa!!!" - humor negro

Depois do soro, fiquei até mais corado. E não foi brozeado: eu estava realmente desidratado. Não imaginava que pudesse sair tanta água do corpo. E por baixo.

Peguei a lista de recomendações, boas práticas e remédios para tomar, além do atestado médico:

Médico - "Qual sua profissão?"
Eu - "Garoto de programa. Computeiro. Especializado em Swing."
Médico - "Como?"
Eu - "Analista de sistemas"
Médico - "Você vai ficar mal por 5 dias no mínimo. Leva esse atestado"

E o atestado de 2 dias. Hum. Vai ver que pra ele analista de sistemas é o cara que fica o dia todo jogando paciência no computador.

Passado os 2 dias do atestado, entre muitas idas e vindas ao banheiro...

Acordei meio zonzo, mas tinha que trabalhar... Afinal o atestado era só para 2 dias, e o relógio ponto é implacável. Vamo que vamo.

Peguei meu Gatorade (que repõe sais minerais perdidos no suor... e na caganeira) e fui para a empresa. Cheguei, sentei na cadeira, levantei, e sentei no vaso. Nem deu tempo de escrever um só linha de código e tiver que correr pro banheiro. Blah.

Voltei, e nova tentativa. Comecei a pensar na lógica, no fluxo do código, na hierarquia das classes... letrinhaaaaaas... dãããããã...

Fiquei zonzo. E além de zonzo, tive que ir pro banheiro de novo. Na volta, mal consegui ficar com a cabeça em pé olhando pro monitor. Eta fraqueza.

Não dava. Apesar de que pro relógio ponto eu estava trabalhando, na prática eu estava completamente improdutivo. E ainda tendo que me deslocar mais para chegar até o banheiro (o que aumenta significantemente a chance de um "acidente de percurso").

Esperei dar meio dia para descer com o povo que ia almoçar, e fui pra casa. De volta para o treinamento para virar planta: só no vaso.

Fiquei um tempo fazendo fotossíntese no quarto, até que fui até a cozinha procurar mais Gatorade para me reidratar. E cadê? Acabou...

O jeito é apelar pro tradicional soro caseiro. Mas como é que se faz mesmo? Uma colher de sal, uma de açúcar, um copo dágua...?

Acessei o primeiro site sobre soro caseiro e da-lhe... Só não me atentei que a receita era para um litro de água, e não para um copo.... E tomei aquele treco. Argh!!! Que coisa ruim!!!

O dia passou, e eu de molho. Pelo menos deu para assistir os animes da semana ;-).

Dia seguinte...

Acordei um pouco mais disposto, mas meu raciocínio ainda estava confuso. Fora que as idas ao banheiro ainda não tinham normalizado (apesar de terem diminuído sensivelmente). Resolvi ficar em casa e escrever esse post. O relógio ponto que me desculpe, mas só semana que vem.

De toda essa história, não ficou claro exatamente o que eu tive. As suposições são as seguintes:
  1. Comi algo no casamento que me fez mal: ninguém mais teve esse problema, e além disso a reação ocorreu só 2 dias depois;
  2. Comi algo na viagem que me fez mal: não como nada quando estou em viagem. Já aprendi da pior maneira que comida de parada de ônibus não presta (fiz a viagem toda no acento 45);
  3. O almoço que fiz logo antes de passar mal tinha algo estragado: ninguém que comeu comigo no mesmo restaurante apresentou qualquer efeito colateral;
  4. O stress da viagem + lutador de Muay Thai bichona + lactose no casamento + alguma coisa (pequena) no almoço + relógio ponto = passar mal. Pode ser;
  5. Reação alérgica a casamentos: é a teoria mais provável.
Só sei que se o seu filho dizer "eu quero uma infecção intestinal de natal!", não dê: o estado do seu banheiro depois não vale o preço.

Té++

Treinamento para virar planta (parte 1)

Iow

Tudo começou na viagem para a minha terrinha, Apucarana-megalópole-city. Ia para o casamento de uma amiga de longa data. Cheguei na minha poltrona no busão, que sempre é do lado do corredor, e sentei no meu lugar. Na poltrona do lado da janela, já estava um cara devidamente estacionado.

Eu - "Opa, beleza? Tá indo pra onde?" - protocolo padrão de comunicação para ser educado

Cara - "Maringá... E depois vou pra Esberimbolândia" - onde "Esberimbolândia" é o nome de uma cidade que eu não lembro... Mas é um lugar longe.

O final da linha é em Maringá, ou seja, o cara não iria descer antes (liberando espaço). Blah. Rapadura é doce mas não é mole não.

Partimos. Depois de muito tempo de viagem, o cara se sentiu meu amigo, depois do protocolo padrão:

Cara - "Então, lá em Esberimbolândia eu vou num campeonato de Muay Thai no domingo..."

Eu - "Hummmm..." - protocolo padrão de demonstração mínima de interesse

Cara - "Pow tava treinando e tal, e agora to morto de fome..."

Eu - "Hummmm..." - while (true) say("Hummmm...");

Para não deixar o cara sem graça comecei a pensar em alguma coisa mais decente pra dizer. Como eu estava meio com sono, comecei a viajar na maionese: imaginei aquela aula de matemática: teoria dos conjuntos. Qual o resultado da intersecção dos conjuntos "Assuntos de lutador de Muay Thai com fome" e "Assuntos de um nerd com sono" ?

Conjunto vazio. Fiquei no "Hummmm..." mesmo.

Um tempo depois, o busão parou para o jantar. O cara matou a fome (e matou o único assunto que ele tinha).

Na volta, o bicho chegou com aquele fedosão de cigarro.

Cara - "Pow, tenho que parar de fumar. Fico com essa tosse maldita depois..."

Eu - "Hummmm..." - ebaaaa, assunto novo... Agora com aroma de Marlboro e trilha sonora de tosse.

Com a parada, perdi o pouco de sono que eu estava. Ainda mais com o cara defumado do meu lado... E eu precisava dormir: afinal, em uma viagem de 10 horas, ficar sem dormir é complicado.

No meio da serra, fiquei tão noiado com "querer dormir", que novamente comecei a viajar a maionese: sonhei que estava acessando a API do cérebro, procurando desesperadamente a função "sleep". Mas a documentação era tão feia que parecia a API do Windows. Acabei não achando nada. Então chamei uma função qualquer...

E de repente acordo (droga, devo ter chamado a função "wakeUp")... E uma coisa estranha na minha perna... Mas hein... O cara do meu lado jogou o braço pro meu lado e a mão caiu em cima da minha perna!!! WTF!!!???

"Mas que &@#%*!! é essa? Só falta o cara ser uma bichona!???"

Encolhi-me pro outro canto do banco, fazendo a mão dele cair. O cara tava num sono que tava até roncando. E agora?
  1. Podia acordar ele para fazer ele se tocar... Mas correria dois riscos: se ele fosse uma bichona, poderia aí sim fazer um "vem cá meu nego"... E se não, o Muay Thai poderia subir à cabeça e o cara ficar enfesadinho;
  2. Podia ficar a viagem toda encolhido no meu canto... Mas eu queria dormir, pow!!!
  3. Podia ficar cotucando ele pra ver se ele se virava ou qualquer coisa do gênero.
Adotei a última estratégia. Nerds prezam por sua integridade física também. Não demorou muito e o cara se virou pro outro lado, levando seu braço. Ufa...

O restante da viagem foi tranquila, mas eu dormi com um olho aberto. Just in case.

Chegando em Apucarana-megalópole-city, fui dormir. Dessa vez sem lutadores de Muay Thai defumados com a mão boba do meu lado.

De noite, casamento. Festa. Woo hoo. Yeah yeah. Gravata na cabeça. Dança do siri. Cada um no seu quadrado. E assim por diante.

Dia seguinte, aquela ressaca. Eu não bebo nada, a ressaca é do queijo mesmo (ganhei de brinde do meu pai a incrível feature "Intolerância à lactose"). O dia todo de molho.

E de noite... a volta para casa. Esquema frenético: bate-e-volta de busão, cada viagem com 10 horas. Como diria Shao Kahn: "Outstading".

Novamente fui para o meu lugar, do lado do corredor. E um cara lá no lugar do lado da janela. "Tomara que não seja outro lutador de qualquer coisa" pensei.

Eu - "Opa, beleza? Tá indo pra onde?" - Protocolo padrão de comuni... ah, você sabe.

Cara - "Porto Alegre, vou fazer um treinamento de uma empresa que blablabla..."

(Parece que apertei o botão de disparo do despertador, o cara não parou de falar)

Blah... Porto Alegre é o ponto final no outro sentido. Não levei sorte. Pelo menos esse cara é mais magrinho e pequeno que o outro, então não acredito que ele vai precisar ocupar o meu banco (muito menos a minha perna...).

A viagem foi tranquila... até que...

O ônibus que eu pego (o único que passa em Apuka-city, saindo de Florianópolis) possui internet wi-fi, o que possbilita que os passageiros naveguem na rede durante a viagem. Pois bem. Até então eu tinha comigo a idéia de que "ninguém seria sem-noção a ponto de ligar o notebook no meio da madrugada, fazendo aquele clarão no ônibus e acordando todo mundo"...

Ledo engano. Quando eu estava naquele soninho bom, uma luz forte projetou-se na minha cara. O cara do outro lado do corredor abriu seu amado notebook...

"Mas que &@#%*!! é essa?" - essas viagens estão merecendo o apelido de &@#%*!!

Só de raiva comecei a ficar olhando o que o cara acessava. Será que é um nerd? Bom, pra ligar dessa maneira, a essa hora, não tem como não ser... ou tem?

E lá foi ele. Windows XP... Hum... Fosse 100% nerd estaria num Linux. Mas tudo bem. Mapeando as redes wireless... É, não é todo mundo que sabe fazer isso. Abrindo o navegador... O que? Internet Explorer? &@#%*!!

Não era um nerd. Só um wannabe nerd. Pobre coitado.

A internet não funcionou. Então ele começou a organizar seu álbum de fotos. Fotos sensuais de mulheres esculturais. Hummm... Interessante, mas não tinha lugar melhor pra ele ver isso não?

Demorou um tempo, ele desligou o notebook, e tudo voltou à mais perfeita paz.

Chegando em Floripa, de manhã, deixei a mala em casa e fui direto trabalhar. Não tinha tempo a perder, afinal, o relógio ponto não é nada maleável.

Trabalhei a manhã toda, e então fui almoçar. Até então não fazia idéia do que estava por vir...

(Continua na parte 2)

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

E o que eu ganho com isso?

Iow

Semana passada ocorreu um fato estranho na empresa em que trabalho. Estávamos todos os nerds seguindo a rotina normal, desenvolvendo software, resolvendo bugs, fazendo café, quando chegou o diretor de tecnologia no recinto:

"Precisamos da solução XYZ o quanto antes. Ela nos fará fechar o maior negócio que a empresa já fechou!"

Então nos entreolhamos começamos a analisar o quão complexa era a solução:
  1. Envolvia tecnologias nunca antes trabalhadas pelo setor de desenvolvimento;
  2. O usuário final da solução tem um perfil completamente diferente do usuário com o qual estamos acostumados a lidar;
  3. Outros projetos precisam de atenção, reduzindo o tempo útil para o novo projeto;
  4. Não haveria apoio de outros setores (como design e qualidade) para o novo projeto, dado que os outros setores também tinham projetos em andamento.
Enfim, o veredicto foi que a solução não poderia ser feita em curto espaço de tempo. Os desenvolvedores voltaram para a rotina, e o diretor voltou para sua sala, com nítido ar de desapontamento.

Até aí "tudo bem". Mas o que há de tão estranho nesse fato, que me motivou a criar esse post?

Um detalhe passou desapercebido: "... o maior negócio que a empresa já fechou!".

Exatamente. A empresa estava diante de um projeto que traria grandes e diretos rendimentos financeiros, e mesmo assim o time de desenvolvimento encontrou mil e uma desculpas para não executá-lo. E pior: ninguém sequer se motivou com o fato de ser o maior projeto da empresa até então. Não ouviu-se um sequer "que bom!", "que legal!" ou afins. Todos olharam, encontraram motivos para não fazer (ou no mínimo postergar), e voltaram para suas rotinas.

Fiquei pasmo com esse fato, principalmente porque eu era um dos que fez isso. Seria problema meu? (coisa que todo psicólogo tenta te convencer: ou o problema é seu, ou é a sua percepção).

O problema é que toda a equipe não se sentiu motivada. Não foi um ou outro, foi toda. Não foi um ato que todos se esforçaram para fazer. Foi natural, espontâneo. E não parou por aí. Longe dos ouvidos do diretor, comentários destrutivos foram gerados:
  • "Aposto que venderam, de novo, algo que nem tá pronto..."
  • "Venderam? Acho que deram de graça de novo..."
  • "Tô vendo que isso só vai trazer dor de cabeça..."
Agora vem o X da questão: Por quê?

Por que o time de desenvolvimento, que é o responsável pela criação de tudo que é comercializado pela empresa, está se comportando desse jeito? Que time é esse, que ao invés de se unir para vencer os desafios, se protege usando argumentos tão mesquinhos? Será que o time não enxerga que se a empresa crescer, todos vão crescer junto?

Depois de muita análise, eu cheguei em um porquê. Vamos aos fatos:

Todo e qualquer curso de gerência, seja gerência comercial, financeira, de recursos humanos ou de software, fala sobre o tema "Metas". Obviamente, as metas de uma gerência diferem muito das de outras gerências. A gerência comercial prioriza a venda, a de software prioriza a qualidade, a de suporte prioriza o serviço junto ao cliente. Mas todas possuem metas.

Essas metas não são criadas ao esmo. "Eu acho que vender 100.000 unidades por mês é uma meta" - não existe. Metas devem ser criadas de acordo com a equipe, de acordo com o que cada um é capaz de alcançar.

E agora vem uma das mais complicadas definições: meta alcançável.

Uma meta alcançável é aquela que é precisa, objetiva, que tem um prazo para acontecer. Ela tem que ter um objetivo em que se possa chegar. Tem que ser viável. É diferente de um sonho.

E da psicologia tiramos que o ser humano trabalha melhor com metas alcançáveis em curto prazo. Por exemplo:
  1. Em 2010 vou emagrecer;
  2. Em 2010 vou emagrecer 20 quilos;
  3. Vou emagrecer 500 gramas por semana, até o final de 2010.
Independente dos valores, a meta 1 é dificilmente alcançável, dado que não é específica. A meta 2 é melhor que a 1, porém seu prazo é muito longo: geralmente a pessoa vai começar a emagrecer no começo do ano, mas vai desistir antes da metade... e tentar retomar faltando 1 mês pro fim do ano.

Já a meta 3 é mais alcançável. Ela possui clareza e objetividade, além de ter um escopo focado em um curto espaço de tempo (uma semana). É fácil dizer, no meio da execução da meta, se a pessoa está indo bem, ou tem que melhorar em algum ponto.

Isso vale para quaisquer metas. Aquilo que é dado como meta, mas vai demorar muito para acontecer, não é desafiadora ou estimulante: a meta já começa fracassada.

Mas o que todo esse lero-lero tem a ver com os desenvolvedores focados na rotina?

Vamos analisar como os setores trabalham, focando nos setores envolvidos na problemática: o desenvolvimento recebe os requisitos, os implementa e os entrega. Existe um processo interno para garantir a qualidade e a documentação do software criado. Todos recebem seu salário fixo mensal. Independente do projeto, das tecnologias utilizadas, das vendas que determinado projeto geram, se uma solução é muito boa ou muito ruim, todos ganham a mesma coisa todo mês.

O setor comercial funciona como o setor comercial da maioria das empresas: trabalho comissionado. Se o vendedor vende bem, ganha bem. Se não vende, ganha mal.

Então começamos a ver o primeiro sintoma. Fazendo ou não fazendo, pro desenvolvimento não muda nada. É como se a cada linha de código digitado, soasse na cabeça do desenvolvedor o título desse post.

Mas espera! A empresa possui um plano de cargos e salários. Se a pessoa se destacar, vai melhorar ao longo do tempo. Portanto o desenvolvimento tem sim o que ganhar.

Além disso, como se não bastasse, a empresa possui uma política de participação nos lucros. Se a empresa vai bem, todos ganham com isso.

Portanto o desenvolvimento, mesmo de barriga cheia, fica fazendo corpo mole. Certo?

Eis que entra aquele papo sobre metas alcançáveis. Para os setores produtivos, nenhum dos benefícios (carreira e participação nos lucros) entram como "metas alcançáveis a curto prazo". Motivos:
  1. A pessoa é avaliada segundo o plano de cargos e salários anualmente. É difícil de se manter motivado por um ano todo esperando a avaliação: acontece como no caso do regime para 2010;
  2. Os benefícios de se passar de uma faixa para outra no plano, em alguns casos, não vale o esforço;
  3. A participação nos lucros, além de também ser anual, depende de muitos fatores, além do faturamento. Depende dos gastos, dos planos da empresa, das políticas de RH, do humor do mercado... Essa gama de variáveis só deixa a participação nos lucros estimulante no final do ano, quando a meta fica com mais cara de alcançável (ou não).
Fora esses fatores, o setor produtivo raramente tem noção de como a empresa está, fora quando está mal. Assim fica difícil de se medir se as metas estão caminhando bem.

E eis que toda essa gama de fatores resultou num espontâneo ato conjunto de rejeição a novos e grandes projetos.

Substituí ao longo do texto os termos "setor de desenvolvimento" por "setor produtivo" porque essa falta de motivação não é um problema só de empresas de TI. Existe uma mentalidade de que quem vende, merece uma bonificação, afinal ele se esforçou. E quem produz, não faz mais nada do que a obrigação.

Resumindo: quem cria e implementa as soluções tem que fazê-lo, pois é contratado pra isso. Quem vende, tem sempre um objetivo, uma meta (alcançável) a ser atingida. Trabalhar sem metas alcançáveis é o mesmo que trabalhar sem rumo: chega uma hora que desanima.

Uma equipe desanimada é o prelúdio do fracasso. Apesar de "funcionar bem", tratar pessoas como máquinas pode ser um tiro no pé. Quando uma empresa depende de criatividade para se manter no mercado, é necessário que todos os setores estejam entusiasmados, não só quem vende.

Diagnosticado o problema, então qual é a solução?

Existem várias soluções para esse problema, cada uma fazendo mais ou menos a mesma coisa que o desenvolvimento fez:
  1. Esse problema não existe. É coisa da minha cabeça, e que que deveria me tratar. Isso faz parte da crise dos 20 e tantos anos, sabe como é...;
  2. Simples, manda embora quem não quer trabalhar, e contrata quem queira;
  3. Dá aumento pra todo mundo... Assim eles não tem do que reclamar;
  4. Todo mundo trabalha assim, então contente-se.
A solução 1 é a que alguns já tentaram me convencer. Essa é uma das soluções mais evasivas que existe: não existe problema. Se existe, o problema é com você.

A solução 2 gera a temida rotatividade de funcionários. Com a rotatividade, perde-se muito tempo (e dinheiro), pois nenhum funcionário rende seu 100% do potencial nos primeiros meses de empresa. Além disso, o tal "se você não fizer você vai pra rua" é a inversão dos valores: ao invés de ganhar algo se fizer, você perde se não fizer. Essa metodologia funciona desde o tempo da escravidão: se fizer, tudo bem; se não fizer, leva chicotada. É mesma coisa, só em tempos diferentes.

A solução 3 é adotada por quem fracassou na na solução 1, tem medo da solução 2, e sabe que algo precisa ser feito. Então faz-se: dá aumento pra todo mundo. E o que acontece? Meses depois tudo volta a situação original, só que pior: pessoas desanimadas ganhando bem (o que é pior que pessoas desanimadas ganhando mal).

A solução 4 é tão evasiva quanto a solução 1. "Porque todo mundo faz assim" é a justificativa mais pobre e medíocre que existe. A pergunta que se gera com isso, para quem tem um mínimo de senso crítico, é "E por que todo mundo faz assim?". Raramente isso tem resposta. Essa justificativa funciona muito bem para ovelhas, não para Homo sapiens sapiens.

Bom, e a solução então?

Manter uma equipe motivada é um desafio e tanto. As pessoas tem que sentir que seus esforços valem a pena, e em curto espaço de tempo. O resultado é que elas se esforçam mais e mais. O contrário também é verdadeiro: se o esforço não vale a pena, elas se forçam menos e menos. O ser humano é assim.

A recompensa não precisa ser necessariamente financeira. Às vezes, uma simples citação, um elogio, um comentário, já salvam o mês de uma pessoa. Mas nada pode cair na rotina... é como nos relacionamentos amorosos. E é por isso que simplesmente dar aumento pra equipe não funciona como fator motivacional a longo prazo: o dinheiro a mais vem todo mês, independente do que aconteça... vira rotina.

Rotina. Essa é a palavra que deve ser abolida para se manter a motivação. Nada é tão destruidor, desmotivante e depressivo quanto a rotina.

Lembro que os meus picos de produtividade sempre foram ao redor de eventos que me fizeram sair da rotina. Participar de feiras com o foco da empresa, visitar clientes, fazer cursos, participar das decisões da empresa... Nada fez mudar o que eu tinha pra fazer, mas a percepção dos problemas e a motivação eram diferentes.

E você, como anda a sua rotina?

Té++

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

A esperança de um país melhor

Iow

Sim, esse tema já é bem batido. Parece até título de redação do colégio, quando o professor pede pra escrever alguma coisa pra semana da pátria. Pior que isso só "As minhas férias", aquela típica redação de início de ano letivo...

Mas o motivo de eu ser mais um a escrever sobre "A esperança de um país melhor", é que recentemente eu realmente comecei a acreditar que esse país tem jeito.

Desde o tempo de Dom Pedro já se falava que o Brasil era um país com enorme potencial, que seria o país do futuro e tudo mais. Se duvidar até Cabral disse isso. Mas a questão é que esse "futuro" nunca chega: de geração em geração o povo acredita que o país só vai crescer no futuro. E o presente? Bom...



Mas nos últimos anos venho percebendo que o senso comum a respeito do Brasil está mudando. É como se finalmente estivéssemos torcendo pro Brasil dar certo da mesma maneira que torcemos pra seleção fazer um gol, ou para ganharmos uma medalha de ouro.

Por exemplo, já não é vergonha nenhuma dizer que determinado produto tem tecnologia 100% nacional. Pelo contrário: serve até como apelo de marketing.

(Tecnologia 100% nacional de abastecimento de carros e motos elétricos, através da captação de energia solar)

Outro exemplo: quando há uma notícia sobre uma descoberta científica... Mesmo que o único brasileiro envolvido seja o faxineiro do laboratório, a manchete é "Nova descoberta com a participação de brasileiros...". Ou seja, a mentalidade está mudando. Estamos criando um mínimo senso de patriotismo, estamos reconhecendo que somos capazes, e que o futuro promissor nunca chega se ficarmos só esperando.

E essa mudança de mentalidade gera frutos. E os primeiros frutos estamos começando a colher: a visibilidade internacional. O Brasil está deixando de ser um país com "amazônia, mulatas e carnaval"... Ou você acha que a FIFA iria querer uma copa do mundo na selva?

O mais recente fruto foi a eleição do Rio de Janeiro como sede das olimpíadas de 2016. E o que temos a ganhar com isso? Auto-estima, eu diria. O que falta pro Brasil chegar no futuro é simplesmente isso: deixar de pensar pequeno.

A primeira notícia que me fez pensar "ué, será que isso aqui está virando um país sério?" foi o caso do piloto da American Airlines que foi impedido de entrar no país por zombar da fiscalização na alfândega (que na época havia sido burocratizada no moldes da dos EUA).

(Todo brasileiro disse algum xingamento pra esse &*@#$%#!)

Depois, com o anúncio da copa do mundo de 2014 aqui, a exploração do pré-sal, o Brasil virando credor do FMI, o Rio virando sede das olimpíadas de 2016... Alguma coisa está acontecendo.

Além disso, com a crise internacional pegando fogo, o mundo se deu conta que o centro do universo não são os EUA... E países emergentes (como o Brasil-sil-sil) estão aproveitando a onda.

E o que fez escrever esse post, com título de redação de colégio, foi esse e-mail que recebi do PayPal:

(Strong Real? Wooow...)

Não é todo dia que recebo um e-mail de uma empresa norte americana dizendo pra aproveitar que o Real está forte... É, alguma coisa está realmente acontecendo. É o futuro chegando?

Eu sinceramente tenho esperanças num país melhor. Como seria bom eu não ter que piratear as coisas, pra não pagar impostos abusivos. Como seria bom ter governantes que governam, ao invés de tirarem férias permanentes às nossas custas. Como seria bom usufruir dos serviços públicos com qualidade, pois eles são pagos pra isso...

A esperança (e a barata) são as últimas que morrem.

Té++

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A era pós PirateBay

Iow

Tudo começou quando apereceram boatos de um software que permitia que os usuários trocassem músicas entre si. A idéia era bem interessante... afinal, era difícil de se conseguir algum site sem link quebrados que disponibilizasse músicas para baixar. E eis que então, o tal do Napster tornou-se popular, e virou uma febre. Era o início da era P2P.

O tempo passou, e o Napster ficou tão popular que algumas gravadoras, bandas, distribuidores de mídia, gente que não sabia baixar etc. ficaram incomodadas, e invocaram o exército maligno dos dark advogados do mal. Era o fim do Napster. Mas não o fim da era P2P. Depois do Napster, vieram outros, como o iMesh (que tinha a incrível capacidade de compartilhar não músicas, mas sim qualquer tipo de arquivo), eDonkey/eMule e o famoso Kazaa (que depois ficou conhecido pela incrível capacidade de compartilhar vírus).

Paralelo a isso tudo, surgia um novo meio de compartilhar arquivos: o BitTorrent (abreviado depois para somente torrent). A idéia era a mesma: os arquivos eram compartilhados entre os usuários (P2P), mas surgia a figura do tracker, que é um servidor que gerencia as conexões aos torrents (mas não armazena os arquivos).

E, pouco a pouco, como todos os fenômenos da internet (como o Napster e até um tal de Google), um site foi ganhando evidência: o PirateBay... pouco tempo depois autoentitulado de "o maior tracker de torrent do mundo".

Como o Napster em seus anos dourados, o PirateBay também possuía "concorrentes" (como os trackers fechados), e ainda outros sites de busca de torrents, como o Mininova e o IsoHunt. Mas sempre existe um que se destaca.

E depois de anos e anos, a história se repetiu: pessoas com dinheiro se uniram e fizeram o ritual de invocação dos dark advogados do mal, que jogaram a reputação do PirateBay pro chão, em um processo que repercutiu até no Jornal Nacional (conhecido no mundo nerd por nunca dar notícias do mundo nerd).

A pergunta que ficou no ar é: e agora?

E agora? Há outras maneiras de baixar arquivos. Os servidores de espaço de massa, como o RapidShare (outro fenômeno que logo logo vai receber o poder dos dark advogados do mal, pode escrever), MegaUpload etc., são exemplos de que o download via http nunca morre. Porém, nesses servidores, para se baixar a uma velocidade decente, é necesśario pagar. E pagar não é o intuito de quem baixa as coisas da internet... Afinal, se quer pagar, compra o original, oras bolas (tá certo que no Brasil-sil-sil penta campeão os impostos deixam RapidShare mais interessante do que comprar as coisas originais...).

Fora quem quer pagar alguma coisa, sobraram os ex-rivais do PirateBay... Ex-rivais porque no PirateBay não se encontra mais nada que presta. Ou seja, sobrou Mininova, IsoHunt, TorrentReactor etc. para indexar os outros trackers.

Mas... Diferente do PirateBay, a maioria (quase totalidade, na verdade) dos torrents postados nesses sites são de trackers fechados, que requerem incrição ou convite para entrar.

Os que precisam de convite, como o TorrentLeech, são considerados o supra-sumo dos trackers... Mas, é preciso um QI pra receber um convite. Sobram os fechados mas com inscrição direta (sem convite).

E, sem alternativas, resolvi ingressar em um desses trackers, após muito relutar. E apesar da frase deveras bonita que se formou, não fiquei feliz por ter que fazer isso: acessar o PirateBay era muito mais cômodo e prático.

Mas... fazer o que. Inscrevi-me em um tal de ILoveTorrents, um tracker até bem decente, com bastante posts de games de Wii no Mininova. Entrei, peguei uns torrents pra baixar... E vi o poder de um tracker fechado: o download foi muito mega fast extreme hardcore rápido thunder the flash. Plus.

Pow, legal. Vou baixar mais coisa. E de novo, velocidade estupenda. Legal!

Mas... (sempre tem um "mas"), nem tudo são flores. A sacada dos trackers fechados é obrigar a galera a fazer upload, através do cálculo do ratio: é o que você fez de upload dividido pelo que você fez de download.

Forçando a galera a fazer upload, é natural que o download de quem esteja baixando seja rápido.

Muito bem, já que te que fazer upload, vamos fazer... Aquilo que demorei pra 2 horas baixar, levou 20 horas pra subir (afinal a minha ADSL tem a taxa de download 10 vezes maior que a de upload). Ugh!!!

De repente me vi de volta para o tempo da internet discada, quando eu tinha que ficar o dia todo pra conseguir alguma coisa. Só que dessa vez não era o download, e sim (e mais estranho) o upload.

Sofri, mas consegui chegar ao ratio de 0.5 (ou seja, eu havia baixado 2 vezes mais que subido). E então recebi o seguinte alerta do tracker:

These are the Minimum Ratio Requirements based on how much you have downloaded. As ILT is a sharing community, you are required to upkeep your sharing ratio at any time. A low ratio will result in warnings, restrictions on your downloading ability or exclusion from this community.

With a download between: 3.0 GB and 6.0 GB you must have a ratio of at least 0.3
With a download between: 6.0 GB and 9.0 GB you must have a ratio of at least 0.6
With a download above: 9.0 GB you must have a ratio of at least 0.9


E o tanto que eu havia baixado se encaixava na terceira faixa...

Recebi outro alerta depois dizendo que eu teria apenas 1 semana para deixar o ratio o mais próximo de 1 possível. Caso contrário, bye-bye conta.

(Tem horas na vida que a gente tem que estufar o peito, erguer a cabeça e gritar: FODEU!)

Comecei a pesquisar outros trackers, já que não tinha nenhuma esperança de, com ADSL, chegar a um ratio desses em tão pouco tempo. Ainda mais com os downloads que eu havia feito, que tinham mais seeders do que bytes.

E eis que surgiu uma luz no fim do túnel. Ou um LED no fim no cabo. Encontrei sem querer uns blogs de pessoas falando sobre meios de enganar o tracker, informando que o upload/download era um, mas na verdade o real é outro (sinto cheiro de "jeitinho brasileiro"), subindo o ratio.

E faz sentido: o tracker não possui os arquivos, portanto o upload/download não é feito dele. Os aplicativos de torrent é que informam para o tracker o que foi trafegado... E essa informação não necessariamente precisa ser fiel a realidade... Muwahahahaha!!!

Encontrei o fórum do Small Bandwidth Innovation, eleito por vários blogs e outros fórums como o maior especialista no assunto "enganação de trackers". Baxei o pacote para o Vuze, que é o client de torrent que utilizo.

E, ao contrário do que eu imaginava, o upload fake funcionou maravilhosamente bem. Coloquei o upload fake para uma média de 250KB/s (sendo que na minha internet só chega a 100KB/s), e o tracker foi engambelado direitinho. Tanto que, em pouco tempo, consegui o antes inatingível rate de 1.

(Upload fake do Vuze entrando em ação)

(Tela de monitoramento do ILoveTorrents. A carinha do lado do ratio representa exatamente a minha sensação =) )

Injustiça? Bom, o hack permite até zerar o upload real, fazendo perder de fato todo o sentido da rede P2P. Isso sim é sacanagem. Sacanagem também é exigir um ratio de 0.9, mesmo que você tenha uma ADSL. Sacanagem por sacanagem...

(Opções sacanas e não sacanas do hack)

Mas inúmeros sites alertam: o hack de upload/download é como bebida alcoólica: use com moderação. Se você do dia pra noite aparecer com um ratio de 10, por exemplo, é fácil fácil do tracker descobrir... E bye-bye conta, de novo.

Além disso, se você possui uma internet de velocidades simétricas (DSL, Cabo etc.), esse hack não faz sentido. Basta deixar o upload na mesma taxa do download, que o ratio vai ser sempre próximo de 1.

Sendo assim, minha vida de "torrenteiro" ainda não acabou. Não vou precisar, tão cedo, pagar por um RapidShare ou algo do gênero. Isso, até que surjam novas formas de download... Afinal, se tem uma coisa que não se pode duvidar, é da criatividade dos nerds =)

Té++

domingo, 9 de agosto de 2009

Meu primeiro mês de casado

Iow

Antes de tudo, calma! Eu não casei de verdade. Deixo explicar o contexto primeiro:

Quando passei na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), vim morar em Florianópolis. Por um bom tempo morei em um apartamento, dividindo com mais 3 caras.

Passou um tempo, e meus pais se separaram. Então compraram um apartamento em Floripa, e minha mãe veio morar comigo.

Passou mais um tempo, a minha namorada passou no vestiba da UFSC para o curso de farmácia, e veio morar junto com a gente.

Resumindo, moram no mesmo apartamento eu, minha mãe e minha namorada.

Só isso já dá insumos pra dizer "Ah, mora com a namorada? Então tá casado". Sei até que em termos do código civil, isso caracteriza uma união estável. Ainda mais com 7 anos de namoro.

Mas a questão é que morar com a mãe não é, e nunca será, igual a morar sozinho. Sempre há mordomias que só a mamãe faz. Então, tecnicamente eu estava casado, mas não na prática do dia-a-dia.

Eis que mês passado minha mãe resolveu fazer uma viagem, e ficaria fora por 1 mês. Ela já havia viajado por uma ou duas semanas, mas 1 mês era a primeira vez.

Então chegou a prova real. Eu já havia morado sozinho por um bom tempo. Minha namorada, antes de vir para a UFSC, também já havia morado sozinha. Mas nunca havíamos morado sozinhos... juntos.

Seria o casamento na prática, com tudo que te direito: desde lavar as roupas até pagar as contas do mês. Um verdadeiro test-drive pra ver se o casamento real daria certo. Acho até que, na verdade, era isso mesmo que a minha mãe queria fazer: ver se o circo pegava fogo... =P

Primeira semana

Então entramos na primeira semana de morando sozinhos juntos. Os primeiros dias foram normais, afinal cada um seguia a sua rotina. O rolo começou com a louça do jantar. Como eu não cozinho m... nenhuma, ficava pra mim a responsabilidade de arrumar a mesa e lavar a louça. Só que, por um defeito de fábrica, eu tenho alergia a detergente (uns chamam isso de "bichisse', mas fazer o que). Ou seja, tenho que lavar a louça de luvas. E as únicas luvas que tínhamos estava furada.

Tarefas até então: no início, eu só arrumava e retirava a mesa.

Compramos uma luva, afinal a minha vida estava muito fácil. Passei a ser o dono da louça. E então comecei a reparar que toda santa janta tinha uma pilha interminável de coisas pra lavar: panelas, pratos, talheres, vasilhas... WTF!? Estávamos só em dois, dá onde vinha tanta louça?

Vivendo e aprendendo: a namorada sempre fazia a quantidade de comida exata para dois, ou seja, no final sempre tinha coisa pra lavar. A dica foi fazer arroz e feijão, por exemplo, para 2 ou 3 dias. É melhor de fazer (mais volume) e melhor de limpar, pois não é todo dia que é necessário.

Mesmo eu lavando a louça, ainda sim a tal da louça gerou polêmica: e quem seca?

Existe uma antiga lenda que diz: se você deixar a louça parada em algum lugar, sem ninguém olhando, uma fada do mundo dos elfos vem, lança um feitiço, e plim! No dia seguinte a louça está completamente seca. Alguns céticos dizem que a água evapora com o tempo e coisa e tal. Seja como for, deixando a louça no escorredor, ela amanhece seca (isso é fato).

O duro é que não sei o que acontece: nenhuma mulher conhece essa lenda. É difícil você encontrar alguma que não use o pano de prato para secar a louça no final da lavação. E mais difícil ainda é convencer alguma mulher de que essa lenda é verdadeira.

Contra-argumento: deixando a louça secar sozinha, o cloro da água deixa os utensílhos metálicos manchados.

Contra-contra-argumento: nunca vi essas manchas. E secar com o pano de prato deixa pelinhos na louça.

Depois da guerra, milagrosamente saí vencedor. Eu lavo a louça e a deixo lá para a fada do mundo dos elfos secar. Guardar a louça só quando não há mais espaço para a louça recém lavada.

Chegou o fim de semana, e com ele a estiagem na geladeira. Não tinha um tomate sequer. Hora de fazer a feira!

Peguei a responsabilidade pra mim. Fiz isso porque daqui até o mercadinho há algumas lojas, e lojas possuem vitrines, e vitrines são como sinal vermelho para as mulheres: tem que sempre dar uma paradinha. Eis o infográfico do que estou me referindo:



Comprei os mantimentos necessários para a próxima semana, como alface, tomate, frutas... e uma caixa de bombom. Não sei porque, mas as hortaliças estavam horríveis (murchas e com cara de passadas).

Enquanto isso, a semana toda gerou roupas sujas. Era necessário lavá-las. Estava lá a namorada fazendo o ritual de separação das roupas claras das coloridas (quando eu morei sozinho descobri do pior jeito que isso é realmente necessário: misturar uma camiseta vermelha com uma cueca branca resulta em uma cueca rosa, que é uma peça totalmente não aconselhável).

Enquanto ela colocava a roupa para lavar na máquina, eu levei o lixo pra passear. Isso vem lá da antiguidade, quando Deus castigou a humanidade por Eva comer a maçã:

"Os animais evitarão os humanos... As mulheres sentirão dor ao dar a luz... E os homens levarão o lixo pra fora e cortarão a grama nos finais de semana..."

Como moramos em apartamento, pelo menos não há grama pra cortar.

Fiz o que tinha que fazer, e a namorada lá, olhando fixamente para a máquina lavando a roupa. Até brinquei "os olhos do dono engordam a boiada?"... sem resposta. Do meu tempo de sozinho no mundo (oh...), lavar a roupa baseava-se em tacar a roupa na máquina, colocar sabão em pó, ligar e... ir estudar/trabalhar. No final do dia eu chegava em casa e colocava no varal. Sem nóia nenhuma.

E ela lá, esperando sei-lá-o-que acontecer. "Estou vendo se não dá problema". Eu hein. Resumindo, ela ficou o dia todo lavando a roupa (e eu jogando video-game). Então lancei o desafio: semana que vem eu lavo!

Na hora de guardar as roupas, é que veio o baque. "Guarda as meias pra mim...". Bom, não há problemas com as meias, certo? É so dobrar no meio e deu... Errado! "Faz assim ó... E faz esse bolinho".



OMLOTR*... Existe no mundo algum símbolo mais forte de homem dominado, fraco, inexpressivo, subjulgado, ovelha... do que o bolinho de meias??? Nesse momento parei e pensei "putz... to casado!".

(*Oh My Lord Of The Rings)

Resumo da semana: produção de louça exagerada, hortaliças feias e murchas, tempo demais para lavar roupa, problemas ao guardar as roupas, má distribuição das tarefas... stress!!!

Tarefas até então: arrumar a mesa, lavar a louça, tirar o lixo, fazer a feira.

Note que algumas tarefas triviais do dia-a-dia foram omitidas, como arrumar a cama. Pelo menos isso a namorada concorda que é desnecessário (salvo quando há visitas em casa ou quando é pra tocar lençóis). =)

Segunda semana

Liguei para a mamãe, e descobri o milagre da multiplicação das hortaliças: dia de feira, aqui, é terça-feira. De fim de semana só há sobras (de fato...). Hum... Level up.

Comecei a fazer um esquema diferente com as louças: como estava muito, mas muito frio em Floripa, lavar a louça de noite era muito martírio. Então comecei a lavar as louças do dia anterior ao meia dia do dia seguinte (com o clima bem mais quente). Level up de novo.

A caixa de bombom que comprei no fim de semana não deu nem até terça-feira. Será esse o motivo que depois do casamento todo mundo engorda? o.0

A namorada começou a fazer mais comida no jantar, sobrando para o dia seguinte (ficando mais conveniente). Level up.

Chegou o fim de semana. Antes que eu me prontificasse, a namorada roubou a roupa suja e botou pra lavar. Vai ver ela tem medo que eu lave (afinal quem lava é a máquina...). Mas pelo menos ela gastou bem menos tempo dessa vez... e não era menos roupa... Com o frio que estava fazendo, o volume das blusas, calças e camisas era grande. Level up.

Deixei para fazer a feira na terça, já que é o dia certo. Pedimos lanche algumas vezes (nos dias mais frios e indispostos), afinal ninguém é de ferro.

Hora de limpar a casa! Eu fui correndo lavar a louça (uma montoeira, já que a namorada resolveu fazer bolo). Escapei de passar vassoura no apê (coisa que odeio). Mas eu tinha o pressentimento de que eu não escaparia pra sempre...

Na hora de guardar as roupas lavadas, mudança de planos: cada um guarda a sua. E foi a melhor decisão tomada na semana. Eu dobro as minhas meias, e ela faz bolinho das delas. Freedom!!!

Resumo da semana: produção de louça controlada, sem hortaliças (fui comprar na outra semana), tempo para lavar roupa reduzido, sem problemas ao guardar as roupas, melhor distribuição das tarefas (fora limpar o apartamento)... Good job!

Tarefas até então: arrumar a mesa, lavar a louça, tirar o lixo, fazer a feira, comprar chocolate, guardar a própria roupa.

Terceira e quarta semanas

A partir daqui entramos em velocidade de cruzeiro. As tarefas começaram a fluir melhor, as hortaliças ficaram mais bonitas, o tempo para lazer aumentou... mas o chocolate continuou acabando no meio da semana.

Na última semana, apareceu a tarefa que mais dói: pagar as contas. Eu já pagava o telefone antes (afinal no telefone está a querida e amada internet), mas nunca assumi todas as contas do mês. E da-lhe: luz, condomínio, telefone, além das feiras. Ai meu bolso... Pra não dizer que paguei tudo sozinho, ao longo das semanas a namorada comprava coisas como carne e produtos de limpeza no supermercado. Mas já deu pra perceber que se fosse para morar sozinho nesse apartamento, ganhando o que eu ganho, não ia rolar.

Na quinta-feira chegou o dia de ver uma esposa 100%. Toda quinta-feira o pessoal da empresa que trabalho se reune para jogar algum esporte. E na quinta da última semana era futsal. Confirmei a presença.

Na hora de sair pro jogo, deparo-me com a namorada com um bico "daquele" tamanho. Nessas horas é melhor não perguntar nada e sair de fininho...

"Espera... Não vai levar o lixo?" ... Ugh, eu sempre levo o lixo de sábado, mas tudo bem, eu levo... Na saída de novo "E o pretzel que comprei pra você, você não vai comer?"... Pow to de saída... "Ah, então joga no lixo e leva junto"... E eu querendo sair.

Você pode ficar o dia todo deitado no sofá, que nada acontece. É só você por a mão no trinco da porta, que chove coisas pra você fazer. Parecia essa piada do pretinho básico:



Não perguntei o que estava estressando ela, afinal esse tipo de pergunta não se faz... É muito arriscado. Só sei que dia seguinte ela estava doce como mel novamente. Ufa...

Sábado, dia de lavar a roupa e limpar a casa... E dessa vez não tinha louça suficiente pra me salvar... Fui passar a vassoura. =P

E hoje, domingo, a mamãe chegou de viagem. Fim do test-drive.

Fora a tragetória ao longo das semanas, tirei algumas importantes lições:

  1. "A felicidade de um casamento depende diretamente de ter banheiros separados". Quando eu li isso eu achei ridículo, mas é a pura verdade.
  2. Cada um tem que ter a sua individualidade. É necessário fazer as coisas juntos (sair, ir ao cinema, jantar fora etc.), mas também é extremamente necessário que ambos tenham a sua vida particular ativa, fazer o que gosta. Ela não assiste meus animes e eu não assito as séries dela, por exemplo.
  3. Divisão de tarefas domésticas é fundamental. Ambos trabalham, ambos tem sua rotina, e ambos chegam cansados em casa. É necessário cooperação.
  4. A execução das tarefas domésticas deve ser otimizada, mas a vida não pode virar rotina. Se existe uma coisa que acaba com qualquer relacionamento é a rotina, o "dia-a-dia normal".

E agora? Dá pra casar?

Ugh... Tenho que ganhar mais pra isso... (e da-lhe enrolação =P)

Té++

domingo, 26 de julho de 2009

Cadê a minha idéia?

Iow

Cheguei em casa, fui tomar um banho, e tive uma idéia brilhante (aliás, não sei porque idéias brilhantes gostam de aparecer no banheiro).

"Putz, essa idéia é muito boa!!! Como não tinha pensado nisso antes???"

Mas já estava todo molhado e ensaboado, então não iria rolar de sair pra anotar.

Fiquei falando a idéia sem parar, do mesmo jeito quando estamos querendo decorar um número de telefone.

"Não posso esquecer, não posso esquecer!!!"

Saí do banho correndo, e depois voltei pra vestir o pijama que tinha levado pro banheiro, pois está frio e andar peladão pelo apartamento soa um pouco estranho. Mas a idéia estava quente na cabeça.

"Não posso esquecer, não posso esquecer!!!"

Cheguei o quarto, liguei o computador (que milagrosamente estava desligado, pois não estou baixando nada recentemente (obs.: isso já vai mudar hoje)), entrei no linux, esperei carregar o sistema, abrir o editor de texto e...

Como mesmo era a idéia? Argh!!!

Fui na cozinha, comi uma banana, comi uma mexirica*, comi doce de abóbora... e nada da idéia voltar.

*Na minha terra mexirica é a "tangerina" pequena, conhecida por feder bagarai.

Voltei pro quarto, fiquei olhando pro editor em branco, que parecia dizer "ei, você me abriu pra ficar só olhando???"... Parece frase de put... dexa queto. Enfim, nada da idéia voltar.

Entrei na tal de internet, li algumas notícias... Que coisa a Coréia do Norte hein? Será que por causa dela o mundo vai entrar em guerra? E se começar a guerra antes de eu lembrar da minha idéia? Pois é, a minha idéia...

Tá, então vamos voltar ao princípio. O habitat natural das idéias é o banheiro, assim como aquelas mosquinhas das asas em forma de coração. Será que essas moscas são as idéias materializadas na terceira dimensão, e na verdade um cérebro cheio de idéias é um cérebro cheio de moscas? Hum... Pode ser... Mas o fato é que nem voltando ao banheiro eu tive a idéia.

E agora? Será que as idéias percebem que eu estou tentando ludibriá-las entrando deliberadamente no banheiro? Sei lá, mas esse vocabulário difícil só complica o ato de dirimir o porque da idéia ter sumido.

Cadê a minha idéia!!!???

Será que uma partícula de anti-idéia entrou em contato com a idéia e viraram luz? Será que a idéia e anti-idéia são visões de uma mesma entidade, só que em espaços dimensionais diferentes, e devido ao alinhamento do planeta saturno com a estrela andrômeda fez com que esses espaços colidissem, formando o vácuo perfeito? Será que o horóscopo previu que os capricornianos perderiam uma idéia genial depois de tomar um banho e ligar o computador? Será que o campo magnético do ímã do HD do computador que foi ligado afetou o campo magnético terrestre, gerando uma perturbação no tempo e no espaço, fazendo que eu voltasse no tempo antes de ter a idéia brilhante e nem percebi? Ou será que eu simplesmente esqueci...? Nha...

... E cadê a minha idéia!!!???

Se alguém ver uma idéia fugitiva correndo pela rua, grite "pega ladrão", porque ela é minha!!!

Amanhã vou ver se lembro o que eu esqueci. Se eu esquecer o que eu queria lembrar, é sinal que não lembrei o que eu esqueci. Portanto só restará a lembrança de que esqueci algo que eu queria lembrar, mas esqueci.

Té++

Ass.: Gilberto, the sem-idéias man

Obs.: Eu ainda vou ter um elefante chamado RAM... Elefantes tem ótima memória.

(Rodapé: é, eu sei, eu "molhado e ensaboado" é uma visão do inferno)

domingo, 5 de julho de 2009

Street Fighter 4 no PC

Iow

Sexta-feira passada, dia 3, saiu na Europa o tão esperado Street Fighter 4 para PC. E os hackers já mandaram ver... Dia 4, sábado, eu já estava com ele baixado e funcionando =).

(Poster de Street Fighter 4)

Não escrevi esse post antes pois estava ocupado, jogando... ;-)

Street Fighter 4 já havia saído para outras plataformas antes, como o Arcade e XBox 360. Como eu não tenho XBox (e devido ao meu "anti-microsoftismo" provavelmente nunca irei ter), e não tenho um arcade dentro de casa (sad...), fiquei esperando ansiosamente a release pra PC.

Devido a intensos treinamentos com emuladores, principalemente nos games da era CPS-2 (as séries vs., como Marvel vs. Street Fighter, Street Fighter Alpha/Zero 3, etc.), eu jogo games de luta no teclado muito melhor do que no arcade ou no joystick. Bizarro não?

Voltando ao Street 4... A instalação foi tranquila (o padrão de montar a imagem, instalar, pular o serial e depois colocar um .exe hackeado no diretório do game), e a entrada fenomenal. Eis o vídeo de entrada do game:





Uma coisa que eu não tinha visto antes é a tal engine "Games for Windows - Live", na qual você faz uma conta onde agrupa todas as suas estatísticas de todos os games que você joga. Além da possibilidade desses perfis serem usados em multiplayer. A ideía é boa... pena que é da Microsoft... =P

Pra game pirata é necessário fazer uma conta off-line, pois a on-line faz verificação do product key do game. Tudo bem, minha intenção inicial não era jogar on-line mesmo.

Passando a burocracia, já se nota a grande evolução que esse game é, principalmente com relação ao seu antecessor, o Street Fighter 3. O menu de opções tem um aspecto único e intuitivo, a música é empolgante... Bora pra luta!!!

E na luta o jogo é fenomenal. A bom e velho aspecto 2.5D, que baseia-se em gráficos 3D com jogabilidade 2D, é o que deixa o game bom e bonito. Mesmo com toda a evolução gráfica, não deixou de ser o Street Fighter que todos adoramos... Coisa que não ocorre, por exemplo, com a série EX de Street Fighter, onde a jogabilidade é 3D.





A Capcom resolveu aprender com os erros passados para fazer mais um grande sucesso. É difícil encontrar alguém que nunca tenha jogado Street Fighter 2, seja no arcade ou seja nos consoles. Da mesma maneira, é difícil encontrar quem tenha jogado Street Fighter 3: também pudera, a primeira versão de Street Fighter 3 só tinha o Ryu e o Ken de conhecidos. Na última versão, o Street Fighter 3: Third Strike, Chun-li e Akuma deram as caras, mas nem isso salvou o game de ser desconhecido.

(Seleção de personagens de Street Fighter 3: Third Strike)

Em Street 4, o que menos tem é personagem novo. A maioria dos personagens são velhos conhecidos dos fãs da época do Street 2, como Sagat, o brasileiro Blanka, M. Bison, Vega... E até o Fei Long!!! (por que raios foram ressucitar esse cara?). Mas não só do Street 2 que vieram os veteranos. Algumas caras famosas da série Alpha/Zero também reapareceram, como Sakura, Gen (não sei jogar bem com ele, mas acho ele muito massa), Rose, e o estabanado Dan.

(Seleção de personagens em Street Fighter 4)

Mas espera, ao jogar o game pela primeira vez, só há 16 jogadores... Cadê o restante?

Essa foi outra jogada da Capcom para deixar os fãs mais viciados no game: conteúdo desbloqueável (ala Smash Bros Brawl do Wii). Conforme você vai zerando com alguns personagens, outros vão sendo liberados. Além disso é possível liberar novas cores de uniformes e poses de intimidação, por exemplo.

Sobre os personagens novos: são 6 novatos no jogo, contando com o chefe final (Seth). Dos novatos, há dois extremamente bizarros: o Mexicano El Fuerte, que é um cozinheiro lutador (blah) e o americano Rufus, que tem um pança gelatinosa que dá de 10 a zero na pança do Homer. Fora esses dois, os outros personagens são bem interessantes e tem uma jogabilidade boa.

Dentre eles, o mestre de Akuma, Ryu e Ken: Gouken. Sim, é mais um cara que dá hadouken e shoryuken. Santa criatividade. Pelo menos os golpes dele são um pouco diferentes do tradicional, como a concentração de hadouken (parecido com o que a Sakura faz, mas mais eficiente), "shoryuken" pra frente, coisas do gênero.

Note que nenhum personagem veio da série EX ou do Street 3... Mesmo que alguns sejam interessantes, como a ninja Ibiki e os irmãos Yun e Yang. O chefão Seth lembra o Urien do 3, mas não são a mesma pessoa (tá parecendo a história do Charlie e Guile).

(Seth, o poderoso chefão em Street Fighter 4)

O game traz algumas diferenças refentes a barra de especial. Há duas barras de especial na verdade: A tradicional, que enche conforte você bate no adversário, e uma barra de "revenge" que funciona como a antiga barra de poder de Samurai Shodown: quanto mais você apanha, mas ela enche... E quando está cheia, você pode dar um mega especial destrutivo.

A barra de especial normal é dividida em 4. Quando uma das 4 partes fica cheia, é possível soltar um golpe mais forte, como no Street Fighter 3. Ou seja, o meia lua pra frente e soco libera o hadouken, mas se fizer meia lua pra frente e 2 socos, sai um hadouken de fogo que dá 2 hits (no caso do Ryu). Esse poder especial consome uma parte da barra de especial.

A questão é que a barra de especial normal enche muito mais devagar que a de revenge. Se você encher de porrada o adversário em um round, a barra normal não enche, mas a de revenge do adversário sim. E os especiais feitos pela barra de revenge são muito mais destrutivos do que os especiais da barra normal. Resumindo, isso deu uma nova cara pro game: usa-se a barra normal para os golpes mais fortes (consumindo uma parte da barra) e deixa-se os ultra especiais a cargo da barra de revenge. Ficou parecendo Samurai Shodown.

No modo arcade, todos os personagens tem uma introdução e um encerramento em uma sequência com cara de anime. Muito massa =). Agora há uma preocupação muito maior em se querer dar uma história decente para a série.

A única coisa que fez falta, na minha opinião, foi o estágio bônus, onde se destrói um carro (esse estágio existia no 2 e no 3). Mas... O game é perfeito em todos os aspectos. Dá até pra ligar as vozes as vozes em inglês ou japonês dos personagens... Mó legal.

(Ken detonando o carro. Saudades...)

No meu PC, com uma placa de vídeo GeForce 8800 GT, o jogo rodou no máximo, fora o anti-aliasing. Não notei muita diferença com e sem anti-alias, mesmo rodando com alta resolução. Então, em prol do frame rate, desliguei.

Esse é um game que vale a pena comprar (se conseguir um jeito de comprar sem pagar imposto, não perca tempo!).

Té++