domingo, 24 de outubro de 2010

Superaquecimento da placa de vídeo

Iow

Sexta-feira passada, após longas horas extras no trabalho devido a inúmeros problemas urgentes, finalmente cheguei em casa, pronto para incansáveis e intermináveis batalhas cooperativas com a namorada em Borderlands (baita programa romântico... Vida de nerd é assim =) ).

Eis que, como sempre, liguei o PC e dei boot no Ubuntu, para fazer o trabalho do dia-a-dia (ler notícias, ver e-mails etc.). Operacional feito, hora de dar boot no Windows para jogar. Boot feito, na tela de entrada do game, pãããã: tela azul (aka BSoD, Blue Screen of Death).

"Mas que m...." pensei. Seria problema do jogo? Seria problema do Windows? Seria problema da minha máquina? Seria problema do alinhamento de Órion com a terceira lua de Júpiter?

Nova tentativa, e tela azul de novo. Poderia ser zica do sistema. Entrei novamente no Linux e... Kernel Panic??? (Citando Anakin Skywalker ao saber que Padmé havia morrido) Nooooooooooooooo!!!

Definitivamente não tinha como ser sistema operacional. O problema era hardware (ainda mais com o dump do kernel panic escrevendo enfaticamente "This is not a software problem!"). E agora? Memórias? HDs? Processador? Placa mãe? Placa de vídeo?

Desliguei tudo e comecei o ritual: abre gabinete, limpa a poeira dos coolers, limpa as memórias, fixa placas, desconecta e conecta cabos...

Novo boot, mesmo bug. Já estava querendo acender uma vela de rest-in-peace pro PC... Até que coloquei a mão na placa de vídeo... Dava para fritar um ovo nela. Dava para acender a tal vela só encostando o pavio nela. O treco estava absurdamente quente.

Então vamos lá: está claro, a placa não deveria estar tão quente assim. Enquanto esperava os ânimos esfriarem, comecei a pesquisar sobre o que fazer. E foi isso que fiz:

Primeiro passo: melhorando a ventilação.

A minha placa de vídeo, uma NVidia GeForce 8800 GT (fabricada pela EVGA), possui um cooler e um baita dissipador. E para deixar a placa estilosa, tem uma capa em metal, com o logo da companhia e tudo mais. Antes de mais nada, tirei a capa, para facilitar a ventilação.

EVGA GeForce 8800 GT
Com a capa retirada, ficou fácil de remover a poeira do cooler e do dissipador. Não estava tão empoeirado assim, mas uma faxina sempre ajuda.

Com a placa limpa, mudei a configuração de coolers do meu gabinete (um XBlade preto). Peguei o cooler lateral, que pega o ar fresco de fora e manda pra dentro, e foquei ele pra cima do dissipador da placa de vídeo. Assim melhorou a refrigeração.

Gabinete XBlade preto
 Segundo passo: atualização de drivers.

Com o hardware limpo e refrigerado, religuei a máquina, entrando no Windows em modo de segurança (para não forçar a placa de vídeo). Fui para o site da NVidia, e verifiquei que meus drivers não estavam na última versão. Baixei e instalei. Sempre é bom. Volta-e-meia aparecem correções de bugs referentes a velocidade de ventiladores de placa de vídeo.

Terceiro passo: acompanhando a temperatura.

Com os drivers atualizados, baixei um gadget (aquelas firulas que ficam rodando no desktop) que monitora a placa de vídeo. Há várias por aí, mas a que eu baixei foi a GPU Observer Gadget. Com ela instalada, verifiquei que a placa de vídeo permanecia entre 65°C e 69°C sem fazer nada. E o ventilador, sempre a 30%, não importando o que acontecesse.

GPU Observer Gadget
Quarto passo: Hasta la vista, ventilador.

Estava claro para mim que o problema era com o ventilador da placa de vídeo. Comecei até a procurar preços de placa de vídeo na internet, já prevendo que teria que trocar tudo. Mas antes, o que será que os bytes poderiam fazer por mim? Comecei a procurar em fóruns da NVidia se exista alguma solução.

E encontrei. Por padrão a NVidia não disponibiliza para os usuários finais as opções de tunagem da placa de vídeo, ou seja, opções para modificar clock da GPU, voltagem, e velocidade de ventilador. Porém basta baixar e instalar um pacote a mais (o NVidia System Tools with ESA support), que essas opções aparecem na tela de configuração da placa de vídeo.

Com as system tools instaladas, e ciente da incapacidade do meu hardware de aumentar a rotação do ventilador automaticamente, alterei a opção de "Auto" para "Manual" na velocidade do ventilador, e lacrei em 100%.

Fora o ruído extra que essa opção gerou, a temperatura da placa caiu rapidamente para 40°C. Muito bom, muito bom... Agora é hora de testar com um game.

Entrei em Borderlands, dei uns tiros, andei no mapa, me meti com hordas de inimigos, minimizei o game e a gadget indicava 70ºC. Joguei mais uns minutos, de forma mais frenética, minimizei o game e os mesmos 70ºC. Parece que isso era o melhor que poderia ser feito. Não travou mais, então estava tudo bem.

Quinto passo: e o Linux?

Como muitos outros nerds, eu só utilizo o Windows para jogar, e fico no Linux para todo o resto. Por não jogar no Linux, então não teria problemas com a placa de vídeo, certo?

Errado. Mesmo depois de fazer funcionar tudo bonitinho no Windows, depois de uns 10 minutos de uso no Linux, deu de novo kernel panic, e a placa de vídeo torrando. E agora, como proceder? Retirar os efeitos do Compiz não estava em questão.

Foi aí que, depois de uma pequena pesquisa, encontrei um utilitário em linha de comando (no melhor estilo Linux de ser) para alterar a velocidade do ventilador da placa de vídeo. O NVClock.

Com ele preparado (./configure), compilado (make) e instalado (make install), novamente no melhor estilo Linux de ser, bastou executar o comando

nvclock -F 100 -f

E voilà, tudo em 100% novamente. E nada mais de problemas de temperatura.

Sexto passo: executando na entrada do sistema operacional.

O chato de toda essa história é ter que configurar o ventilador toda santa vez em que se inicia o sistema. No caso do Windows, diz a lenda que existe uma maneira de configurar o nTune para executar determinadas ações no boot do sistema, porém não consegui fazê-las funcionar (nos fóruns diz-se que isso é bugado mesmo e não há o que fazer). Paciência.

No Linux é só colocar o comando para ser executado no logon. Gostoso como a vida deve ser.

Configurando a execução automática do NVClock no Ubuntu 10.10
 Esse tutorial se aplica tanto para pessoas com problemas de temperatura na placa de vídeo como eu, quanto para quem quer mesmo é dar overclock na placa. Citei fontes da NVidia, mas o processo é semelhante para placas da ATI/AMD.

Mais sobre: http://www.recipester.org/Recipe:Change_nvidia_video_card_fan_speed_27843686

Até que o ventilador não aguente mais, não precisarei trocar de placa de vídeo =)

Té++

sábado, 16 de outubro de 2010

Borderlands

Iow

Não importa o quanto se goste de games de RPG (não estou falando de MMORPGs), estratégia e coisa e tal... sempre há um momento na vida do gamer em que se deseja "simplesmente jogar", sem ter que prestar atenção na história, em detalhes de intriga, em diálogos complexos, em dicas prá lá de escondidas... Tem horas que o único desejo é "não pensar em nada".

Games que tradicionalmente entram nesse nicho são de gêneros como luta, esportes e tiro (FPS - first person shooter). Mas muito dificilmente um RPG entraria nessa linha.

E é aí que Borderlands surpreende. Com a proposta clara de ser uma mistura entre RPG e FPS, ele adiciona elementos de RPG ao bom-e-velho "atire primeiro pergunte depois", sem estragar nenhum dos gêneros envolvidos.

Caixa de Borderlands para PC
A idéia é a seguinte: você cria um personagem de uma determinada classe (são 4 disponíveis, desde o brutamontes causador de dano massivo até a ligeira e indetectável assassina, passando pelo soldado de suporte e o tático sniper), sai no mundo atirando em tudo que se move (até parar de se mover), ganha níveis, habilidades e itens para continuar atirando em tudo que se move... Até que sua vida, escudo, e danos sejam suficientes para atirar em coisas maiores e mais poderosas que se movem... Que dão mais experiência e mais itens... e assim por diante.

Classes de personagem em Borderlands
 Uma boa comparação é "Diablo se fosse um shooter". Uma pistola que você encontra raramente é igual a outra pistola de mesmo modelo. Sempre há status como dano, precisão, taxa de tiros, tamanho do pente de munição, multiplicador de mira, dano crítico, dano elemental (...) que podem variar entre as armas. E como todo bom RPG, sempre existem aquelas armas "épicas", cujos status são absurdamente bons... até que você encontre arma melhor.

Inventário do personagem
Árvore de habilidades da classe Siren
Unido a tudo isso há veículos, inúmeras quests, chefes com batalhas emocionantes, especializações de classes de personagem, artefatos poderosos... E um excelente modo cooperativo em que até 4 pessoas podem jogar a mesma campanha (online ou via rede local). Sim, a campanha single-player pode ser jogada cooperativamente entre mais pessoas, deixando o jogo muito mais interessante. Obviamente, se você quer é que o outro jogador também seja uma das coisas que se movem e que deveriam deixar de se mover, há o modo competitivo.

A ambientação lembra um pouco Fallout, porém não é o caso de um planeta Terra pós-apocalíptico, e sim outro planeta (Pandora... mas não a Pandora de Avatar). Desertos, sucatas, estruturas precárias, gangues que brigam entre si... está tudo lá.


Trailer de apresentação do game


Vídeo-review da IGN

Borderlands possui versão para PC, X-Box 360 e Playstation 3. Recomendo tanto para jogadores que gostam de RTS quanto para os que gostam de RPG.

Mais sobre:

Té++

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Pathfinder - A esperança do RPG de verdade

Iow

O RPG mais jogado e famoso do mundo, o Dungeons and Dragons (D&D), foi perdendo a sua essência ao longo dos anos. Pra quem conheceu o famoso sistema a partir das últimas versões (3.5 ou 4, por exemplo), pouco percebeu, mas quem conhece o jogo desde suas versões primárias (1ª edição ou o posterior AD&D), sabe exatamente do que estou falando.

O jogo foi sendo infantilizado ao longo dos anos. Cada vez mais perdeu-se a preocupação com a verossimilhança, com a interpretação de papéis, com a diversão, e focou-se em combate, em números, em somente "deixar o personagem mais forte".

Isso é fortemente visível nas gravuras utilizadas nos livros básicos. Na época do AD&D, mostrava-se guerreiros, paladinos, ladinos etc. com trajes normais para a classe, pertinentes ao contexto. Já na terceira e principalmente na quarta edição, não há sequer uma única armadura sem cravos enormes, não há uma única espada sem um efeito luminoso e design futurista. O que raios um guerreiro daquele iria fazer em uma floresta, se enroscando nos galhos com aquela armadura surreal?

Paladino no AD&D
Paladina no D&D 3 e 3.5
Paladino no D&D 4
Guerreiro (homem de armas) no AD&D
Guerreiro no D&D 3 e 3.5
Guerreiro no D&D 4
Relação entre as escolas de magia no AD&D, algo que se perdeu com o tempo
 Outra mudança drástica foi o fator "tabuleiro". No AD&D, aboliu-se o tabuleiro demarcado, forçando os jogadores a imaginarem a cena e a interpretarem de acordo (o que exigia muito mais do mestre, é claro). Na edição 3.5, as explicações sobre manobras de batalha tornaram-se explicações sobre o tabuleiro (exemplo: você está flaqueado caso há dois inimigos em quadradinhos opostos, cercando o personagem). Já na quarta edição, mudou-se tudo para quadradinhos: o deslocamento, antes em metros, tornou-se quadrados. O raio de efeito de uma magia, em quadrados². Tamanho de criatura? Número de quadrados. Definitivamente nenhuma relação com a realidade.

Quadradinhos para todos os lados
 Eis que então, para os jogadores experientes, fica a pergunta: o que há de RPG, ou seja, o que há de jogo de interpretação de papéis em um sistema onde a única coisa que você não faz é interpretar um papel? Não há mais diferença entre o D&D e um outro jogo de tabuleiro qualquer, digamos, WAR ou banco imobiliário. Nada contra esses jogos, eu até possuo e jogo ambos, mas RPG era para ser algo diferente...

Mas existe uma esperança. Cientes das manobras grosseiras da Wizards of the Coast para ganhar mais dinheiro (infantilizando o jogo e o tornando um clone de MMORPGs), autores e entusiastas da antiga maneira de se jogar RPG se uniram e criaram o sistema chamado Pathfinder:

Livro de regras do Pathfinder
 Pathfinder, como os próprios autores o definem, é uma melhoria do D&D 3.5, considerado por muitos o ápice do sistema D&D. Foi mantida toda a essência do jogo de interpretação, focando na interação do grupo, na relação com a realidade, e é claro, na diversão.

Além disso, para promover o uso e a distribuição, o jogo foi publicado segundo a licença OGL (Open Game License), que permite o uso do sistema por terceiros sem o pagamento de royalties.

É muito bom ver que ainda há pessoas interessadas em jogar RPG de verdade, como foi concebido. MMORPG se joga em casa, sozinho na frente do PC. RPG se joga em grupo, rindo e chorando juntos a cada desafio lançado pelo mestre. É necessário deixar claro para as novas gerações o real significado desse estilo de jogo.

Aprofundando a leitura:


Té++

High School of the Dead

Iow

Se existe um anime que chacoalhou os telespectadores na última leva do oriente, esse anime é H.O.T.D. (sigla difundida para o High School of the Dead).

A história é meio batida: zumbis. Zumbis por todo lado. Zumbis que não acabam mais. Zumbis que saem em busca dos não-zumbis para devorá-los... e quando os não-zumbis são mordidos, acabam virando zumbis também. Parece familiar? Sim, nada é tão similar a Resident Evil do que essa história.

Mas as semelhanças param por aí. O anime/mangá leva o nome High School of the Dead justamente porque a história começa em um colégio japonês. Zumbis misteriosamente começam a aparecer e a causar todo o caos, enquanto que um grupo de alunos e professores luta para sobreviver.

E o que mais chama atenção, seguindo o gênero ecchi, são as alunas (e professoras). Não é a toa que o anime também é conhecido como High Boobs of the Dead, ou então High Sch(.)(.)l of the Dead.

Miyamoto Rei, uma das alunas
Peitões chacoalhantes para todo lado. Todas as mulheres (eu disse todas as mulheres) excessivamente peitudas. Zumbi atacando a pobre e indefesa garota? Da-lhe roupas rasgando, vento batendo, e narizes sangrando.

Fora a notável sensualidade, o que também chama a atenção é a violência desenfreada. Qual a melhor maneira de passar por centenas de zumbis que bloqueiam a saída do colégio? Usando um ônibus escolar e passando por cima deles, é claro. Taco de baseball? Melhor dizer "taco de cabeça de zumbi". Espadas? Hum... interessante. Armas de fogo? Não falta mais nada.


Abertura do anime

O anime tem uma qualidade impressionante, com efeitos de computação gráfica (3D, iluminação), sonzeira empolgante (guitarras gritando na hora da ação, que não é pouca) e uma atmosfera envolvente, que não te deixa parar de assistir enquanto não ver toda a temporada.


Vídeo promocional de divulgação

Ação, porradaria, violência, sangue, peitões... com um enredo assim, nem precisaria de história... Mas mesmo com um início clichê, a história também merece destaque, pois a imersão é muito grande.

Fansubs:

O anime fez tanto sucesso por aqui, que até mesmo o arrogante Dattebayo-Brasil o legendou. Mas quem não gosta de compactuar com gente rude, outros fansubs de qualidade também o legendaram. Os que recomendo são o Anime no Sekai (download via IRC) e o ganancioso Punch! (download via http file hosting).

Temporada:

Inicialmente foram produzidos 12 episódios do anime (referente a 1 temporada). Como o mangá ainda não acabou, fica a expectativa para a produção de mais temporadas. Resta esperar.

H.O.T.D. é parada obrigatória pra quem curte uma boa mistura de ação e ecchi. 100% recomendado.

Té++