quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Dragon Age: Origins

Iow

(Há muito tempo estou para escrever sobre esse jogo, mas preferi esperar pelo anúncio dos melhores games de 2009 pelo GameSpot)

Então lá vai. Amantes de RPG como eu, que jogam ou jogaram D&D alguma vez na vida, já jogaram (ou ouviram falar) do game Baldur's Gate. Para quem não é tão velho assim, ao menos já viu Icewind Dale ou então o recente Neverwinter Nights.

O que esses games tem em comum? Todos possuem histórias fantásticas, focadas no single player, em um dos mundos mais consolidados de D&D: Forgotten Realms. Não há quem goste de D&D que não tenha jogado ao menos um desses games.

Porém, como em boa parte dos games que vemos por aí, as franquias vão ganhando em gráficos, mas perdendo em história, tempo de jogo, grau de liberdade (ou seja, vão ficando lineares) e diversão. Não é diferente aqui: muito consideram o antigo Baldur's Gate como o RPG de melhor história e grau de liberdade, apesar de ter gráficos terríveis (hoje em dia) e ser baseado no antigo AD&D.

A comunidade "RPGística" estava clamando por um novo Baldur's Gate. Porém, se ele fosse feito, seria sobre o D&D 4a. edição, que é o cúmulo do pior sistema que já recebeu D&D no nome até hoje. Além disso, é muita responsabilidade criar um novo game como sendo a continuação de um clássico. Qualquer coisa errada colocaria em risco o bom nome conquistado. Não é a toa que Final Fantasy XIII está a tanto tempo em desenvolvimento (a primeira demonstração foi em 2006).

Dragon Age: Origins era para ser o Baldur's Gate 3. Mas por problemas de licenciamento, acabou sendo um game completamente separado de qualquer outro sistema: não segue D&D, não acontece em Forgotten Realms, e não é a sequência de nenhum outro jogo.

Mas isso não ofuscou o brilho do game. Aliás, se fosse feito seguindo a quarta edição de D&D, provavelmente não seria tão bom.



(Vídeo promocional do jogo)

O jogo é simplesmente viciante. Não tem como começar a jogar e ficar na frente da tela por menos de 1 hora. A história (grande ponto forte do game) é empolgante. O grau de liberdade que se tem no jogo impressiona: a história pode tomar rumos completamente diferentes, dependendo das suas ações.

O combate não é aquela cena "bate-apanha-bate-apanha". Alguns aspectos randômicos foram incorporados a batalha, deixando o confronto mais realista e interessante. Isso sem dizer do já consolidado sistema de "barra de espaço para pausar", que desde Baldur's Gate faz o esquema de turnos ficar implicíto e a batalha mais fluída, sem perder o aspecto tático.



(Vídeo demonstrativo da E3 2009)



(Luta com um dragão... É o que se espera de um game com "Dragon" até no nome =P)

Os diálogos são sempre presentes, e toda e qualquer conversa é falada. Hoje em dia isso está se tornando comum nos games, mas a quantidade de diálogos presentes em Dragon Age: Origins deixa claro que eles tiveram muito, mas muito trabalho para gravar tudo.

A interação entre os membros do grupo merece destaque. Volta-e-meia você é pego de surpresa com os membros do grupo conversando entre si. As vezes a conversa é pacífica, como um tirando sarro do outro. As vezes você acha que vai sair briga. Mas o mais importante é a interação do personagem principal (você) com as demais pessoas: você pode desde brigar a ponto de expulsar o membro, até ter romances "calientes" na escuridão do acampamento.



(Depois de muita conversa dá pra levar a maga pra cama...)

Tudo isso unido a um sistema elaborado para o jogo, que segue a sua própria estrutura de raças, classes e atributos. Para se ter uma idéia, as classes básicas são somente guerreiro, mago e ladino. Todo o restante deriva de uma dessas três (bardo, ranger, clérigo, bárbaro, paladino, e assim por diante). A cada nível, ganha-se pontos para os atributos principais (que são força, destreza, força de vontade, mágica, astúcia e constituição), e um ponto de habilidade, que permite acessar magias, manobras de combate, habilidades passivas etc.. Ou seja, todo nível o mago pode ganhar uma magia nova, por exemplo.



(Criação de personagens em Dragon Age: Origins)

Amantes de MMORPG podem se perguntar: "Por que raios eu vou jogar um RPG que é só single player?"

Justamente pelo fato de ser só single player é que o jogo possui uma história tão envolvente. Se fosse mais um RPG online, cairia na vala comum de tantos jogos que vemos por aí. Dragon Age não é um game só de porradaria: se você não gosta de diálogos, intriga e diplomacia (ou intimidação, hehehe), não jogue esse jogo.

Esperei pela eleição dos melhores games do ano segundo o Gamespot justamente porque ele era um dos candidatos ao prêmio máximo (o melhor dos melhores). Além de game do ano, Dragon Age: Origins concorreu aos seguintes prêmios:
  • Melhor história
  • Melhor propriedade intelectual original
  • Melhor escrita e diálogo
  • Melhor RPG
  • Melhor jogo de PC
  • Melhor jogo de PS3
Concorrer a um prêmio significa que ele foi escolhido como um dos 5 melhores games na categoria do prêmio. Ou seja, mesmo não levando, já significa que ele é top-5. Além disso, sua nota no GameSpot foi de 9.5 (no PC), algo realmente notável.

Apesar de ser um excelente game, só levou o prêmio de melhor game de PC. O melhor game do ano foi o Demon's Souls, um game de RPG do Playstation 3.

De qualquer maneira, Dragon Age: Origins nasceu para ser um clássico, e merece ser jogado várias vezes (afinal a história muda de acordo com suas atitudes) por qualquer RPGista que se preze. Altamente recomendável, e finalmente algo que possa ser comparável ao antigo Baldur's Gate.

Té++

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

WonderKing Online

Iow

Ha muito, muito tempo atrás, numa galáxia muito, muito distante, eu jogava um MMORPG chamado MapleStory. Esse jogo tinha algo peculiar, que não se via um muitos games por aí: era um RPG Online 2D, side scrolling.

O fato do jogo ser 2D é que me prendeu. Não existiam outros RPGs assim. E relembrando a era 16 bits (de SNES e Mega Drive), não deu como não jogar.



(Jogabilidade de MapleStory)

Joguei no servidor americano por um bom tempo. Até que abriu o servidor brasileiro. Então abandonei a conta do servidor estrangeiro e fiquei no nacional.

Mas o tempo foi passando...

E reparei que jogo ficou extremamente monótono. O único objetivo do game é matar monstros. Não há PvP, o sistema de grupos é limitado (tanto que a maioria do pessoal jogava sozinho, mesmo sendo um game multiplayer), depois de um certo nível não há mais quests, ganhar experiência com o personagem era extremamente cansativo... Fora a comunidade, que no servidor brasileiro era absurdamente infantil e irritante.

Não deu outra. Apesar de gostar do aspecto 2D do game, abandonei-o. Ao jogar, eu estava mais me irritando do que me divertindo... e não é essa a proposta dos games.

Muito tempo depois, resolvi pesquisar novamente sobre MMORPGs 2D... Para ver se mais jogos haviam sido lançados, já que MapleStory, apesar dos pesares, era um game de grande sucesso.

Na minha pesquisa encontrei vários jogos, como Ghost Online, LaTale, WindSlayer, Draconica... e um em closed beta: WonderKing Online.

Ghost Online, apesar de parecer melhor que MapleStory, também sofre dos mesmos problemas de engine: limitação no que se pode fazer no jogo, combates nada emocionantes, sistema de grupo frágil.

LaTale e WindSlayer possuem vídeos legais... Mas depois que você instala e joga, credo... Que jogos ruins!!! Jogabilidade péssima. O combate só é legal nos vídeos. Bem estranho.

Draconica parece interessante, mas ele não é exatamente 2D (apesar de ser side scrolling). Assemelha-se muito ao antigo Final Fight, para dar um exemplo. Não que seja ruim, mas não era o que eu estava procurando.

E eis que testei o tal WonderKing Online. Com os cenários parecidos com os de MapleStory (inclusive os fanáticos do MapleStory acusam WonderKing de plágio), o jogo é infinitamente melhor.



(Vídeo promocional de WonderKing Online)

Mesmo estando em closed beta, ou seja, é necessário autorização para conseguir uma conta, o jogo já se mostra bem maduro para ser um forte concorrente no setor de games criado pelo MapleStory. Vantagens:
  1. Combate menos repetitivo e cansativo: as skills de combate possuem delay, obrigando você a possuir múltiplas skills de combate e ficar alternando entre elas, tendo que desenvolver a estratégia perfeita para o seu personagem;
  2. Quests, muitas quests: o game, mesmo em beta, possui quests para todos os níveis. E as quests te prendem no jogo, fazendo você sempre querer completá-las. Bem diferente das cansativas e impossíveis quests do MapleStory;
  3. Incentivo ao game em grupo: em WonderKing Online vale realmente a pena fazer party (grupo) de pessoas para jogar. O bônus de experiência é visivelmente vantajoso, e em algumas quests é praticamente imprecindível a participação de mais pessoas;
  4. Sistema de craft: isso não existe em MapleStory. Quer um item bom? Vai matar bicho pra tentar achar. Em WonderKing você pode criar seus itens, dando uma boa diversidade ao mercado;
  5. Por falar em mercado... Mercado aberto e pesquisável: no MapleStory, para você vender alguma coisa no mercado livre do jogo, é necessário pagar por isso (em dinheiro real). E quem quiser procurar um item para comprar, precisa passar de loja em loja pesquisando (a não ser que pague, em dinheiro real, por uma pesquisa automática). Em WonderKing é possível fazer tudo isso de graça, o que é bem mais cômodo tanto para quem vende quando para quem compra. Além disso, com a pesquisa de itens, a inflação do que é vendido tende a ficar mais controlada;
  6. Categorias de itens: em MapleStory, o máximo que os itens poderiam variar é no ataque base. E encontrar um item de um monstro, mesmo no começo, era quase impossível. Já em WonderKing, os itens seguem uma linha parecida com a do Diablo, ou seja, há os itens normais, os mágicos, os de set, os excepcionais e os únicos. Isso dá uma variabilidade interessante ao game. Além disso, por haver mais tipos de itens, é muito mais fácil encontrá-los nos monstros, deixando o game mais prazeiroso de se jogar;
  7. Jogabilidade: mesmo se tratando de um game 2D side scrolling de plataforma, os pulos e deslocamentos no MapleStory eram frustrantes. Em WonderKing, todos os personagens possuem dash e pulo duplo, sem necessidade de skills. Isso deixa o jogo mais dinâmico e rápido... o que se espera de um side scrolling.
Essas e outras vantagens me convenceram. Consegui um serial do closed beta e comecei a jogar WonderKing Online. Diferente de MapleStory, não vi meus níveis passarem: depois de algumas prazeirosas horas de gameplay, reparei que havia subido alguns níveis. Em MapleStory, eu jogava algumas dolorosas e enfadonhas horas, para deixar para passar de nível na semana seguinte.



(Guerreiro e Mago em WonderKing Online)



(Ladino e Arqueiro em WonderKing Online)

Se você gosta de MMORPGs, é da geração dos 16 bits, gosta (ou não) de MapleStory, dê uma olhada em WonderKing Online. Você vai se surpreender.

Té++

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

E então Deus criou Eva

Iow

Final de ano, período de férias, tempo para rever os amigos, juntar a galera e aproveitar a vida... Coisa que só dá para fazer uma vez por ano.

Chegada essa época, vou para a minha cidade natal, encontrar os antigos amigos que nunca sequer fico sabendo de qualquer notícia durante o ano todo. Hora de reunir o pessoal para jogar Wii, jogar RPG, jogar bets (taco) na rua...

E durante tantos natais e anos novos, depois de tantas indas e vindas a minha terra natal para ver os amigos, reparei que sempre tinha alguma coisa que atrapalhava o encontro anual.

Antigamente, durante a adolecência, o que mais impedia as pessoas de se reunirem era o fator "mamãe-não-quer-papai-não-deixa". Chegar de madrugada em casa? Ficar jogando na casa dos amigos? NUN-CA!!!

Essa época felizmente passou. Mas outra "época" tomou o lugar: agora quem proíbe não é mais a mãe ou o pai, e sim a namorada (noiva, esposa, ficante, enfim...).

Antes de prosseguir com a história, deixe-me abrir um parênteses para explicar algumas coisas.

1 - Diferença entre os sexos

É fato que homem e mulher são divergentes em muitas coisas. Mas uma das notáveis diferenças é com relação as amizades. Os homens tendem a fazer e manter amizades ao longo da vida, enquanto que a mulher, via intrigas e brigas (que aos olhos masculinos são completamente sem sentido), tendem a se fechar, mantendo o companheiro (e, no futuro, os filhos) como únicos laços.

Isso se explica, em parte, pela criação. Os homens, desde cedo, são ensinados a serem expansivos, conquistadores e competitivos. Já as mulheres são ensinadas a serem donas de casa, a cuidarem dos filhos e a fazerem compras no shopping. É só olhar os brinquedos de cada um: enquanto os meninos brincam de bola, bonecos de ação, naves, carros etc., as meninas brincam de casinha, bonecas, bebês, comidinha...

O resultado no futuro é que a mulher se torna possessiva com relação ao seu companheiro, impedindo que ele possa se reunir com seus amigos.

2 - Fundamentos de um relacionamento

Para que haja uma relação de subordinação, são necessárias duas pessoas: a que manda, e a que obedece.

O fato do homem ser completamente submisso a mulher é também culpa dele. Ele se sente tão inseguro no relacionamento, que faz de tudo para agradar... mesmo que isso custe até as suas amizades de anos e anos.

O que está errado nesse caso é a fundamentação do relacionamento. Um relacionamento saudável tem que possuir as seguintes características (dentre outras):

  1. Liberdade: ambos tem que possuir liberdade, tanto para falar o que pensa quanto para fazer o que gosta. Sem isso, o relacionamento tende a cair na monotonia, e bem, a grama do vizinho é sempre mais verde...
  2. Respeito: liberdade sem respeito não é liberdade, é libertinagem. É necessário que haja a ponderação do que é melhor para cada um, para um lado não dominar o outro.
  3. Confiança: confiança é essencial para se dar liberdade e se adquirir respeito. A maior prova de amor não é fazer o seu parceiro se privar das coisas que gosta para ficar com você, e sim confiar em você a ponto de te dar liberdade e te respeitar.
  4. Reciprocidade: em relacionamentos não funciona o tal "faça o que eu digo mas não faça o que eu faço". Toda a liberdade, respeito e confiança deve existir, incondicionalmente, dos dois lados. Dar o exemplo faz crescer a confiança, e com ela o respeito e a liberdade.
3 - Homem caçador e mulher coletora

Dada a criação diferenciada que cada sexo recebe na infância, e dada a própria natureza de cada um (o tal de fenótipo e genótipo), o homem tem o aspecto de caçador, enquanto que a mulher tem o aspecto de coletora.

Exemplo disso é o comportamento no shopping. O homem vai numa única loja, paga mais caro, e compra o que precisa. A mulher vai em todas as lojas, consegue preços melhores, para comprar o que não precisa.

Outro exemplo é a roda de conversa. Homens gostam de competir, seja por qualquer coisa. Portanto, qualquer reunião masculina só fica interessante se há alguma competição... e por isso que os homens geralmente só se reunem para jogar alguma coisa (seja algum esporte, seja video-game, seja RPG, seja bolinha de gude). E é aí que rola uma conversa.

Quando os homens se reunem somente para conversar, é que algo muito ruim aconteceu, ou está para acontecer. Se liga um amigo dizendo "Vamos nos reunir para jogar XYZ", ótimo, que bom. Se me liga dizendo "Vamos nos reunir para conversar", começa-se a pensar o que há de errado.

Com as mulheres já é um pouco diferente. Não é tão anormal se reunir para conversar (inclusive o assunto, geralmente, é para se falar mal de outras mulheres). Isso quando a reunião não é para fazer compras (coisa que Homens detestam por sinal).

Tendo isso claro, vamos voltar a tônica do problema. Nessas férias ocorreram alguns absurdos com relação a namoradas versus amizades. Citando alguns exemplos:

Tem um amigo que fica a semana toda ocupado com os estudos (mesmo nas férias... opção dele). Portanto só nos finais de semana é que dá para chamá-lo para fazer alguma coisa.

Eu: "E aí, vamo fazer alguma coisa? Hoje é domingo..."
Ele: "Pois é, só no final de semana que posso ver a namorada..."
Eu: "Pow, mas é só uma vez por ano!!!"
Ele: "Pois é... Mas não dá..."

E depois, para evitar futuras ligações, desligou o celular...

Não tem como não falar "fruta que partiu!!!". Outro exemplo:

Estávamos em casa jogando video-game, quando a namorada de um resolveu ligar.

Ela: "Onde você está?"
Ele: "Tô aqui na casa de um amigo..."
Ela: "Vem aqui!"
Ele: "Err... err... tá bom..."

E ele foi... Ligando pra ele no celular, quem atendia era ela, dizendo que ele não ia voltar...

Novamente, "fruta que partiu!!!".

E mais um: estávamos conversando num barzinho no centro da cidade, quando a namorada de um resolveu ligar. Ele saiu da mesa e ficou falando com ela. Ficamos duas horas ali, sendo que o cara ficou sentado na mesa conversando com a gente somente nos primeiros vinte minutos. O restante ficou falando com ela pelo celular.

E mais uma vez... "fruta que partiu!!!".

O que é isso? Que dominação é essa?

"Muito bem, a mulher tem que ser assim mesmo, senão o homem pula a cerca e troca ela pelos amigos"

Se você, cara leitora, pensa dessa maneira, tenho uma má notícia pra você. Você vai perder seu companheiro.

O motivo é simples: é da natureza masculina ser competitivo, e nada melhor do que competir com os amigos. Privando ele de se reunir com os amigos, você o estará frustrando ao longo do tempo... e chegará a hora em que a panela de pressão estourará.

Se você, caro leitor, se comporta como nos exemplos acima, e está confortável com isso, preste atenção: esse conforto, cedo ou tarde, vai se transformar em incômodo e stress. E se você trocar seus amigos pela companheira, a longo prazo, você não terá mais amigos... e daí é tarde demais.

Outra coisa absurda (aos olhos masculinos), é esse medo das mulheres perderem seus homens para os amigos. Existe um vídeo que explica exatamente como é o cérebro dos homens:



"Mulher" e "Amigos" são caixas separadas, sem interferência uma com a outra. Se você está notando que ele está passando mais tempo com os amigos do que com você, é sinal que você é chata e sem graça... E o problema não é ele, é você. Saia com as suas amigas, tente ter mais assuntos, tente ser mais interessante.

Sair com as amigas? Isso mesmo. Lembre-se da reciprocidade: a liberdade tem que ser mútua. Saia com as suas amigas, areje a cabeça... assim você esquece um pouco de ficar dependendo do seu companheiro, e esquece de ficar pentelhando. De quebra vocês ainda tem o que falar depois... e todos ganham com isso.

Portanto, leitores e leitoras, cultivem suas amizades, mesmo dentro de um relacionamento. Tudo na vida requer moderação, até na hora de dividir o tempo entre os amigos e o(a) companheiro(a). Cuide para não frustar nenhum dos lados, pois amizades e relacionamentos são como cristais: depois de quebrados, dificilmente voltam a ser a mesma coisa, mesmo depois de colados.

Té++

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Treinamento para virar planta (parte 2)

Iow

(Se você não leu a primeira parte, eis o link)

Almocei com a galera do trabalho, e fui pra casa dar uma cochilada (coisas que só quem mora perto do trabalho pode fazer =P).

Cheguei e me joguei na cama. Isso era perto das 13 horas.

Cinco minutos depois, já era quase 14 horas. No que fui levantar senti o chamado da natureza. Para o vaso e avante!!!

Peguei impulso para ir para o banheiro, e me senti meio zonzo. Deve ser o sono. Cheguei no vaso e foi, literalmente, aquela merda...

"Ué, isso aqui não deveria ser, sei lá, mais duro?" - pergunta feita em duas ocasiões: quando o cara brocha e quando tem diarréia.

Esvai-me em água (fala sério, começar uma frase com "esvai-me" é muito chique). Mas que estranho... As reações à lactose nunca são tão drásticas assim... E dois dias depois da festa? Hum...

Fiz o que tinha que fazer, e voltei pra cama, dessa vez mais zonzo ainda. Fiquei um tempo lá, fazendo um cruzeiro na Hellmann's, até que a natureza me chamou de novo. E ela não estava afim de esperar não...

Voltei pro banheiro, e dá-lhe água. Comecei a ficar preocupado. E zonzo. E mais preocupado. E água. E mais preocupado. E blééééééééé!!!

Como se não bastasse a saída repentina por baixo, veio a saída repentina por cima. Que situação. E que situação do banheiro.

Entrei embaixo do chuveiro para me lavar, e então zonzeei de vez. Quando dei por mim, estava atirado no chão do banheiro. Voltei engatinhando pro quarto.

Não podia ser só a lactose. Era algo além. Uma super-lactose? Lactose transgênica? Lactose suína (transmitida pelo ar) ?

Foi então que resolvi ativar o conselho de segurança. Peguei o celular e liguei pra namorada... farmaceuticos devem ter um "fenilisoantimerdificol" para esse tipo de coisa.

Liguei e... ninguém atendeu. De novo... nada. E de novo... nada...

Fiz calo no dedo de apertar o "religar" no celular. Fui ao banheiro, liguei, voltei, liguei, fui de novo, liguei, caí de novo, liguei...

Fiquei mais de 40 minutos tentando, antes de desistir. O amor é lindo.

"Essa invenção vai ajudar toda a humanidade em todos os momentos... menos quando você estiver morrendo em casa e quiser falar com a sua namorada farmacêutica..." - Graham Bell, inventor do telefone.

Quando fiz aquela "essa vai ser a última", ela atendeu. Chegou a tocar "Alehuia" no quarto.

Enquanto ela não vinha, eu tentava reunir força pra me levantar e ir até a cozinha, tomar alguma coisa. Mesmo completamente zonzo eu tinha a noção de que estava desidratado, depois de tantas ida e vindas do banheiro.

Mas quando eu pensava em reunir força, a força ia pro abdomen, e da-lhe vaso. Blah.

Até que ela chegou. E infelizmente ela não tinha o milagroso "fenilisoantimerdificol". O jeito era improvisar.

A primeira providênia foi verificar a temperatura. E eu estava caliente, hot-hot-hot: quase 39 graus. Solução: bora ligar para a Unimed.

Conversa vai, conversa vem, e a frase padrão foi proferida "o seu plano não cobre ambulância". Na verdade 80% das frases ditas ao se ligar para um plano de saúde começam com "o seu plano não cobre...". Então fomos invocar o poder dos impostos que pagamos: ligamos para o SAMU.

E no SAMU ouvimos a frase padrão de repartição pública: "não podemos fazer isso nesse momento". Pelo menos uma médica (ou assim espero) atendeu e passou umas orientações. Tomei remédio para conter o vômito e baixar a temperatura.

Horas depois...

Estava eu lá com ânsia de vômito e 39 graus de temperatura. Mais igual que isso, só uma kombi cheia de japoneses.

Já que nem o meu plano de saúde nem os meus impostos me salvaram, fomos atrás de quem pudesse nos ajudar. E para minha sorte, o ex-síndico do condomínio atendeu o telefone, e se prontificou para me levar até o NAS (o mesmo lugar que diagnosticou a minha pneumonia como uma simples virose. Essa história é contada aqui.).

Chegando lá, hora de esperar na fila. Quanto mais eu uso o plano de saúde, mais me convenço de que ele não serve pra nada.

Depois da fila para cadastro, hora da fila para esperar o médico chamar. Bom, não estava fazendo nada mesmo, estava ali só de bobeira, então vamos esperar né?

Assim que fui atendido, fui direto pro soro, numa sala com uma televisão passando novela das 8.

Novela - "Oh Luciana... E agora o que faremos??? Você se acidentou... Oh..."

Eu - "Liga pro SAMU, haaaaaa!!!" - humor negro

Depois do soro, fiquei até mais corado. E não foi brozeado: eu estava realmente desidratado. Não imaginava que pudesse sair tanta água do corpo. E por baixo.

Peguei a lista de recomendações, boas práticas e remédios para tomar, além do atestado médico:

Médico - "Qual sua profissão?"
Eu - "Garoto de programa. Computeiro. Especializado em Swing."
Médico - "Como?"
Eu - "Analista de sistemas"
Médico - "Você vai ficar mal por 5 dias no mínimo. Leva esse atestado"

E o atestado de 2 dias. Hum. Vai ver que pra ele analista de sistemas é o cara que fica o dia todo jogando paciência no computador.

Passado os 2 dias do atestado, entre muitas idas e vindas ao banheiro...

Acordei meio zonzo, mas tinha que trabalhar... Afinal o atestado era só para 2 dias, e o relógio ponto é implacável. Vamo que vamo.

Peguei meu Gatorade (que repõe sais minerais perdidos no suor... e na caganeira) e fui para a empresa. Cheguei, sentei na cadeira, levantei, e sentei no vaso. Nem deu tempo de escrever um só linha de código e tiver que correr pro banheiro. Blah.

Voltei, e nova tentativa. Comecei a pensar na lógica, no fluxo do código, na hierarquia das classes... letrinhaaaaaas... dãããããã...

Fiquei zonzo. E além de zonzo, tive que ir pro banheiro de novo. Na volta, mal consegui ficar com a cabeça em pé olhando pro monitor. Eta fraqueza.

Não dava. Apesar de que pro relógio ponto eu estava trabalhando, na prática eu estava completamente improdutivo. E ainda tendo que me deslocar mais para chegar até o banheiro (o que aumenta significantemente a chance de um "acidente de percurso").

Esperei dar meio dia para descer com o povo que ia almoçar, e fui pra casa. De volta para o treinamento para virar planta: só no vaso.

Fiquei um tempo fazendo fotossíntese no quarto, até que fui até a cozinha procurar mais Gatorade para me reidratar. E cadê? Acabou...

O jeito é apelar pro tradicional soro caseiro. Mas como é que se faz mesmo? Uma colher de sal, uma de açúcar, um copo dágua...?

Acessei o primeiro site sobre soro caseiro e da-lhe... Só não me atentei que a receita era para um litro de água, e não para um copo.... E tomei aquele treco. Argh!!! Que coisa ruim!!!

O dia passou, e eu de molho. Pelo menos deu para assistir os animes da semana ;-).

Dia seguinte...

Acordei um pouco mais disposto, mas meu raciocínio ainda estava confuso. Fora que as idas ao banheiro ainda não tinham normalizado (apesar de terem diminuído sensivelmente). Resolvi ficar em casa e escrever esse post. O relógio ponto que me desculpe, mas só semana que vem.

De toda essa história, não ficou claro exatamente o que eu tive. As suposições são as seguintes:
  1. Comi algo no casamento que me fez mal: ninguém mais teve esse problema, e além disso a reação ocorreu só 2 dias depois;
  2. Comi algo na viagem que me fez mal: não como nada quando estou em viagem. Já aprendi da pior maneira que comida de parada de ônibus não presta (fiz a viagem toda no acento 45);
  3. O almoço que fiz logo antes de passar mal tinha algo estragado: ninguém que comeu comigo no mesmo restaurante apresentou qualquer efeito colateral;
  4. O stress da viagem + lutador de Muay Thai bichona + lactose no casamento + alguma coisa (pequena) no almoço + relógio ponto = passar mal. Pode ser;
  5. Reação alérgica a casamentos: é a teoria mais provável.
Só sei que se o seu filho dizer "eu quero uma infecção intestinal de natal!", não dê: o estado do seu banheiro depois não vale o preço.

Té++

Treinamento para virar planta (parte 1)

Iow

Tudo começou na viagem para a minha terrinha, Apucarana-megalópole-city. Ia para o casamento de uma amiga de longa data. Cheguei na minha poltrona no busão, que sempre é do lado do corredor, e sentei no meu lugar. Na poltrona do lado da janela, já estava um cara devidamente estacionado.

Eu - "Opa, beleza? Tá indo pra onde?" - protocolo padrão de comunicação para ser educado

Cara - "Maringá... E depois vou pra Esberimbolândia" - onde "Esberimbolândia" é o nome de uma cidade que eu não lembro... Mas é um lugar longe.

O final da linha é em Maringá, ou seja, o cara não iria descer antes (liberando espaço). Blah. Rapadura é doce mas não é mole não.

Partimos. Depois de muito tempo de viagem, o cara se sentiu meu amigo, depois do protocolo padrão:

Cara - "Então, lá em Esberimbolândia eu vou num campeonato de Muay Thai no domingo..."

Eu - "Hummmm..." - protocolo padrão de demonstração mínima de interesse

Cara - "Pow tava treinando e tal, e agora to morto de fome..."

Eu - "Hummmm..." - while (true) say("Hummmm...");

Para não deixar o cara sem graça comecei a pensar em alguma coisa mais decente pra dizer. Como eu estava meio com sono, comecei a viajar na maionese: imaginei aquela aula de matemática: teoria dos conjuntos. Qual o resultado da intersecção dos conjuntos "Assuntos de lutador de Muay Thai com fome" e "Assuntos de um nerd com sono" ?

Conjunto vazio. Fiquei no "Hummmm..." mesmo.

Um tempo depois, o busão parou para o jantar. O cara matou a fome (e matou o único assunto que ele tinha).

Na volta, o bicho chegou com aquele fedosão de cigarro.

Cara - "Pow, tenho que parar de fumar. Fico com essa tosse maldita depois..."

Eu - "Hummmm..." - ebaaaa, assunto novo... Agora com aroma de Marlboro e trilha sonora de tosse.

Com a parada, perdi o pouco de sono que eu estava. Ainda mais com o cara defumado do meu lado... E eu precisava dormir: afinal, em uma viagem de 10 horas, ficar sem dormir é complicado.

No meio da serra, fiquei tão noiado com "querer dormir", que novamente comecei a viajar a maionese: sonhei que estava acessando a API do cérebro, procurando desesperadamente a função "sleep". Mas a documentação era tão feia que parecia a API do Windows. Acabei não achando nada. Então chamei uma função qualquer...

E de repente acordo (droga, devo ter chamado a função "wakeUp")... E uma coisa estranha na minha perna... Mas hein... O cara do meu lado jogou o braço pro meu lado e a mão caiu em cima da minha perna!!! WTF!!!???

"Mas que &@#%*!! é essa? Só falta o cara ser uma bichona!???"

Encolhi-me pro outro canto do banco, fazendo a mão dele cair. O cara tava num sono que tava até roncando. E agora?
  1. Podia acordar ele para fazer ele se tocar... Mas correria dois riscos: se ele fosse uma bichona, poderia aí sim fazer um "vem cá meu nego"... E se não, o Muay Thai poderia subir à cabeça e o cara ficar enfesadinho;
  2. Podia ficar a viagem toda encolhido no meu canto... Mas eu queria dormir, pow!!!
  3. Podia ficar cotucando ele pra ver se ele se virava ou qualquer coisa do gênero.
Adotei a última estratégia. Nerds prezam por sua integridade física também. Não demorou muito e o cara se virou pro outro lado, levando seu braço. Ufa...

O restante da viagem foi tranquila, mas eu dormi com um olho aberto. Just in case.

Chegando em Apucarana-megalópole-city, fui dormir. Dessa vez sem lutadores de Muay Thai defumados com a mão boba do meu lado.

De noite, casamento. Festa. Woo hoo. Yeah yeah. Gravata na cabeça. Dança do siri. Cada um no seu quadrado. E assim por diante.

Dia seguinte, aquela ressaca. Eu não bebo nada, a ressaca é do queijo mesmo (ganhei de brinde do meu pai a incrível feature "Intolerância à lactose"). O dia todo de molho.

E de noite... a volta para casa. Esquema frenético: bate-e-volta de busão, cada viagem com 10 horas. Como diria Shao Kahn: "Outstading".

Novamente fui para o meu lugar, do lado do corredor. E um cara lá no lugar do lado da janela. "Tomara que não seja outro lutador de qualquer coisa" pensei.

Eu - "Opa, beleza? Tá indo pra onde?" - Protocolo padrão de comuni... ah, você sabe.

Cara - "Porto Alegre, vou fazer um treinamento de uma empresa que blablabla..."

(Parece que apertei o botão de disparo do despertador, o cara não parou de falar)

Blah... Porto Alegre é o ponto final no outro sentido. Não levei sorte. Pelo menos esse cara é mais magrinho e pequeno que o outro, então não acredito que ele vai precisar ocupar o meu banco (muito menos a minha perna...).

A viagem foi tranquila... até que...

O ônibus que eu pego (o único que passa em Apuka-city, saindo de Florianópolis) possui internet wi-fi, o que possbilita que os passageiros naveguem na rede durante a viagem. Pois bem. Até então eu tinha comigo a idéia de que "ninguém seria sem-noção a ponto de ligar o notebook no meio da madrugada, fazendo aquele clarão no ônibus e acordando todo mundo"...

Ledo engano. Quando eu estava naquele soninho bom, uma luz forte projetou-se na minha cara. O cara do outro lado do corredor abriu seu amado notebook...

"Mas que &@#%*!! é essa?" - essas viagens estão merecendo o apelido de &@#%*!!

Só de raiva comecei a ficar olhando o que o cara acessava. Será que é um nerd? Bom, pra ligar dessa maneira, a essa hora, não tem como não ser... ou tem?

E lá foi ele. Windows XP... Hum... Fosse 100% nerd estaria num Linux. Mas tudo bem. Mapeando as redes wireless... É, não é todo mundo que sabe fazer isso. Abrindo o navegador... O que? Internet Explorer? &@#%*!!

Não era um nerd. Só um wannabe nerd. Pobre coitado.

A internet não funcionou. Então ele começou a organizar seu álbum de fotos. Fotos sensuais de mulheres esculturais. Hummm... Interessante, mas não tinha lugar melhor pra ele ver isso não?

Demorou um tempo, ele desligou o notebook, e tudo voltou à mais perfeita paz.

Chegando em Floripa, de manhã, deixei a mala em casa e fui direto trabalhar. Não tinha tempo a perder, afinal, o relógio ponto não é nada maleável.

Trabalhei a manhã toda, e então fui almoçar. Até então não fazia idéia do que estava por vir...

(Continua na parte 2)