quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Google Developer Day 2010

Iow

Dia 29 de outubro, sexta-feira, foi realizado no Brasil o Google Developer Day 2010, evento já tradicional do Google para aproximar a comunidade nerd dos projetos e planos da empresa.

A última vez que fui em um GDD foi em 2008. E as diferenças para 2010 começaram logo na inscrição. Diferente de 2008, quando você só se cadastrava no site do GDD e pronto, já estava registrado para o evento, em 2010 foi necessário fazer uma prova de programação, e até enviar currículo.

A prova não tinha nada de mais. Era composta por 5 questões que abordavam temas gerais da computação, propondo problemas que só eram facilmente soluveis através de um algoritmo. E era essa a intenção: fazer do evento um evento para desenvolvedores, e não para qualquer-um-que-quer-um-almoço-grátis-do-Google.

O que foi mais sinistro foi ter que enviar o currículo para eles. Além da prova (que poderia ser feita por um amigo programador), era necessário ainda reafirmar que se é da área de tecnologia (e quais os interesses).

Após 15 dias de espera, saiu o resultado. Eu estava aprovado, porém dois amigos da empresa em que trabalho, não. Será que eles possuem filtro para Google fanboys? Enfim, parece que o currículo foi levado bem a sério (tenho conhecimento em vários projetos do Google, acredito que isso tenha feito diferença). Os critérios de aprovação ficaram sem clareza, entretanto.

O evento começou as 9 horas, com credenciamento a partir das 8. Como era véspera de feriado, São Paulo estava relativamente vazia, então não tive problemas de trânsito do aeroporto até o local do evento (Sheraton WTC Hotel).

Entrada do evento

O mala do lado da entrada do evento
As 9 começou o discurso de abertura, falando um pouco sobre o Google, números de mercado, projeção da web e coisas assim. Mas se tem uma coisa que o Google sabe fazer, além de pesquisas, é direcionar o conteúdo exatamente para o público alvo. Não demorou nada para começarem as demonstrações de novas tecnologias, novas APIs e sim, até código.

Discurso de abertura do evento
Três momentos em especial geraram comoção e aplausos da platéia:
  1. Na apresentação sobre novas features do HTML5, o palestrante demonstrou a captura de sinais de acelerômetros através de Javascript, fazendo um texto girar de acordo com o movimento do notebook;
  2. Na apresentação sobre GWT + Spring Roo, quando o palestrante inseriu um campo a mais em uma classe do modelo (entidade), e a página de CRUD dessa classe se atualizou imediatamente, exibindo o campo a mais para ser inserido ou pesquisado;
  3. Na apresentação da pesquisa por reconhecimento de voz, o palestrante falou, em português, uma frase complexa (com termos em inglês no meio) e o celular com Android interpretou corretamente e trouxe os resultados da pesquisa.
Em que outro tipo de evento a platéia gera "Wow!!!" ao ver uma pessoa programando? Nerdisse não tem limites... =P

Programação em toda parte
Após as apresentações de abertura, houve um intervalo. Enquanto as pessoas os nerds conversavam nos corredores sobre que navegador era melhor e qual seria o futuro do Java, o interior do salão onde a abertura foi feita estava sendo dividida em 3 salas, cada uma para acomodar uma apresentação diferente.

Então era chegada a hora de decidir. Com 3 apresentações simultâneas, era necessário escolher o tema de interesse e entrar na sala correspondente. A programação de todo o evento é acessível pelo site oficial.

Do array de salas, era necessário escolher um índice (entre 0 e 2)
No período da manhã participei das duas apresentações sobre o tema Computação em Nuvem, que foram:
  1. Novidades da Google App Engine e Google App Engine for Business;
  2. Google Web Toolkit: O que é, como funciona e tópicos mais profundos.
Por ter prática nas duas tecnologias envolvidas (App Engine e GWT), achei as apresentações superficiais demais. Nada do que foi dito estava fora da documentação dos respectivos sites oficiais. A didática das apresentações também não chamou muita atenção: houveram momentos em que senti sono. O pior foi quando alguns representantes nacionais subiram ao palco para dizer o quanto determinada tecnologia era boa. Parecia aqueles anúncios de lojas que vendem produtos pela TV.

Hora do almoço. Diferente de 2008, o Google alugou um salão a mais no hotel, e a dividiu em sessões (chamados de lounges) por interesse. Havia o lounge de Cloud computing, outro de Android, outro de APIs etc.. O objetivo era trocar idéias sobre o tema nas áreas especificadas, tanto entre os participantes quanto com os próprios palestrantes. A idéia foi boa, mas era difícil encontrar alguém com o real interesse na sessão em que estava. Todos estavam é mais preocupados em encontrar um lugar bom para sentar e almoçar em paz.

O mala no lounge do Android
Parte da tarde. Dessa vez fui a palestra sobre HTML5, entitulada de "HTML5++ O futuro da Web, agora!". Com um sotaque inglês estranho (as vezes difícil de entender) o palestrante aprofundou aquilo que havia sido mostrado na abertura, mostrando tudo o que já é possível de se fazer com HTML5. Basicamente foi mostrada a apresentação do site HTML5 Rocks, com a explicação do palestrante sobre cada tópico.

De fato, a web está cada vez mais próxima dos aplicativos desktop, no sentido de capacidade gráfica, comunicação e interação com o usuário. Inclusive muitos frameworks (GWT por exemplo) permitem uma codificação muito próxima a de frameworks consagrados de GUI para desktop, como o Java Swing e o QT.

Após a palestra sobre HTML5, e decepcionado com as primeiras palestras sobre computação em nuvem, parti para o Android, com o tema "Práticas efetivas de interface com o usuário".

Foi a melhor palestra até então. O palestrante enumerou, de forma clara e objetiva, os fatores que levam ao sucesso (ou ao fracasso) de uma boa interface com o usuário, focando em dispositivos móveis. Porém, as dicas dadas foram tão esclarecedoras, que são pertinentes a quaisquer meios de interfaceamento, seja mobile, web, desktop, tv, carro ou o que for. O tema da apresentação está descrito no blog oficial dos desenvolvedores do Android (vale a pena a leitura ;-) ).

A próxima palestra que participei foi sobre APIs Google Apps. A principal idéia transmitida aqui é que desenvolvedores web que utilizam o ferramental do Google não precisam se preocupar em reinventar a roda, com relação a problemas típicos de toda aplicação, como autenticação/autorização, envio de mensagens, gerenciamento de calendário etc.. O Google fornece as peças para que os desenvolvedores brinquem de Lego.

Por exemplo, é relativamente simples integrar o GMail do usuário com documentos gerados pela sua aplicação (armazenados no Google Docs) e marcar compromissos na agenda (via Google Calendar), tudo isso acessível através de autenticação via OpenID.

Novo intervalo, mais quitutes para serem devorados (tinha até sorvete), mais papo nerd... Não era a toa que havia fila no banheiro masculino: das 1000 pessoas participantes, deveria haver... hummm... umas 5 mulheres?

Carrinho se sorvete do Google
Eu disse 1000 pois esse era o número oficial de vagas, divulgado pelo Google. Mais de 6000 inscrições foram feitas.

Após o intervalo, e empolgado pela ótima palestra sobre o Android, fui a mais uma palestra com o mesmo apresentador. Dessa vez o tema era "Construindo aplicativos de alto desempenho".

Novamente com uma excelente apresentação, o palestrante mostrou tanto otimizações já bem conhecidas pelos desenvolvedores Java (como por exemplo evitar operações com ponto flutuante, evitar concatenação direta de Strings, evitar reflection em código crítico etc.), como otimizações específicas do Android, pricipalmente com relação ao modelo de Threads do sistema.

Aqui eu reparei como o modelo de Threads do Android se assemelha com o Swing. Da mesma maneira que a literatura enfatiza que código pesado não deve ser executado na Thread de eventos do Swing (aka. EDT, Event Dispatch Thread), código pesado não deve ser executado na Thread principal do Android. Isso porque a Thread principal do Android é a responsável pela GUI, então qualquer outro processamento demorado deve ser executado em um fluxo separado.

O que o palestrante deixou claro é que algumas operações são inerentemente lentas, como acesso a recursos na internet e acesso a "disco" (entre aspas porque celulares não possuem HDD). Não se pode melhorar significamente o tempo gasto nessas operações, mas o feedback dado ao usuário pode sim ser o diferencial entre uma operação parecer ser demorada ou não.

Tim Bray, o cara do Android
A última palestra que assisti foi sobre OpenID e OAuth, com o tema "Autenticação única baseada em OpenID e acesso a dados via OAuth". Aqui foi aprofundado o tema inicialmente discutido na palestra sobre APIs do Google, referente a autenticação e autorização.

Uma coisa que me irrita frequentemente é o fato de ter que fazer cadastro em tudo quanto é site de serviços pela web. Bancos, e-mails, redes sociais, companhias aéreas, mensageiros instantâneos, fóruns, blogs... Todos requerem cadastro, um usuário e senha, e adivinha só... Uma vez cadastrada uma senha em um site raramente utilizado, o próximo acesso sempre é via "esqueci minha senha". Não precisaria ser assim. O OpenID resolve justamente esse problema: que tal ter um único usuário e senha para todos os serviços que utiliza? Inclusive os que você desenvolve?

Junto com o OpenID, o OAuth permite o acesso a dados do usuário, como e-mail, perfil, Geo Location etc. tudo, obviamente, mediante aprovação direta pelo usuário. Assim praticamente acaba a necessidade da famosa tabela "User" no seu sistema: é só deixar o Google gerenciar essa parte para você.

Após as últimas palestras foi feito um happy hour, com cerveja liberada e quitutes a vontade. Como não bebo e tenho intolerância a lactose, não pude aproveitar muito, mas de qualquer maneira valeu a convivência com o pessoal do evento.

Docinhos com o logo do Chrome
Com um evento dessa magnitude, de graça, em várias parte do mundo, não tem como não dizer: o Google é foda. Apesar de ter visto menos novidades do que em 2008, valeu a pena para estar atenado e preparado para o futuro, cujas tendências são fortemente influenciadas por essa gigante da web.

Mais sobre:

Os vídeos da Google I/O abrangem de forma mais completa aquilo que foi passado no GDD: http://www.google.com/events/io/2010/

Té++

domingo, 24 de outubro de 2010

Superaquecimento da placa de vídeo

Iow

Sexta-feira passada, após longas horas extras no trabalho devido a inúmeros problemas urgentes, finalmente cheguei em casa, pronto para incansáveis e intermináveis batalhas cooperativas com a namorada em Borderlands (baita programa romântico... Vida de nerd é assim =) ).

Eis que, como sempre, liguei o PC e dei boot no Ubuntu, para fazer o trabalho do dia-a-dia (ler notícias, ver e-mails etc.). Operacional feito, hora de dar boot no Windows para jogar. Boot feito, na tela de entrada do game, pãããã: tela azul (aka BSoD, Blue Screen of Death).

"Mas que m...." pensei. Seria problema do jogo? Seria problema do Windows? Seria problema da minha máquina? Seria problema do alinhamento de Órion com a terceira lua de Júpiter?

Nova tentativa, e tela azul de novo. Poderia ser zica do sistema. Entrei novamente no Linux e... Kernel Panic??? (Citando Anakin Skywalker ao saber que Padmé havia morrido) Nooooooooooooooo!!!

Definitivamente não tinha como ser sistema operacional. O problema era hardware (ainda mais com o dump do kernel panic escrevendo enfaticamente "This is not a software problem!"). E agora? Memórias? HDs? Processador? Placa mãe? Placa de vídeo?

Desliguei tudo e comecei o ritual: abre gabinete, limpa a poeira dos coolers, limpa as memórias, fixa placas, desconecta e conecta cabos...

Novo boot, mesmo bug. Já estava querendo acender uma vela de rest-in-peace pro PC... Até que coloquei a mão na placa de vídeo... Dava para fritar um ovo nela. Dava para acender a tal vela só encostando o pavio nela. O treco estava absurdamente quente.

Então vamos lá: está claro, a placa não deveria estar tão quente assim. Enquanto esperava os ânimos esfriarem, comecei a pesquisar sobre o que fazer. E foi isso que fiz:

Primeiro passo: melhorando a ventilação.

A minha placa de vídeo, uma NVidia GeForce 8800 GT (fabricada pela EVGA), possui um cooler e um baita dissipador. E para deixar a placa estilosa, tem uma capa em metal, com o logo da companhia e tudo mais. Antes de mais nada, tirei a capa, para facilitar a ventilação.

EVGA GeForce 8800 GT
Com a capa retirada, ficou fácil de remover a poeira do cooler e do dissipador. Não estava tão empoeirado assim, mas uma faxina sempre ajuda.

Com a placa limpa, mudei a configuração de coolers do meu gabinete (um XBlade preto). Peguei o cooler lateral, que pega o ar fresco de fora e manda pra dentro, e foquei ele pra cima do dissipador da placa de vídeo. Assim melhorou a refrigeração.

Gabinete XBlade preto
 Segundo passo: atualização de drivers.

Com o hardware limpo e refrigerado, religuei a máquina, entrando no Windows em modo de segurança (para não forçar a placa de vídeo). Fui para o site da NVidia, e verifiquei que meus drivers não estavam na última versão. Baixei e instalei. Sempre é bom. Volta-e-meia aparecem correções de bugs referentes a velocidade de ventiladores de placa de vídeo.

Terceiro passo: acompanhando a temperatura.

Com os drivers atualizados, baixei um gadget (aquelas firulas que ficam rodando no desktop) que monitora a placa de vídeo. Há várias por aí, mas a que eu baixei foi a GPU Observer Gadget. Com ela instalada, verifiquei que a placa de vídeo permanecia entre 65°C e 69°C sem fazer nada. E o ventilador, sempre a 30%, não importando o que acontecesse.

GPU Observer Gadget
Quarto passo: Hasta la vista, ventilador.

Estava claro para mim que o problema era com o ventilador da placa de vídeo. Comecei até a procurar preços de placa de vídeo na internet, já prevendo que teria que trocar tudo. Mas antes, o que será que os bytes poderiam fazer por mim? Comecei a procurar em fóruns da NVidia se exista alguma solução.

E encontrei. Por padrão a NVidia não disponibiliza para os usuários finais as opções de tunagem da placa de vídeo, ou seja, opções para modificar clock da GPU, voltagem, e velocidade de ventilador. Porém basta baixar e instalar um pacote a mais (o NVidia System Tools with ESA support), que essas opções aparecem na tela de configuração da placa de vídeo.

Com as system tools instaladas, e ciente da incapacidade do meu hardware de aumentar a rotação do ventilador automaticamente, alterei a opção de "Auto" para "Manual" na velocidade do ventilador, e lacrei em 100%.

Fora o ruído extra que essa opção gerou, a temperatura da placa caiu rapidamente para 40°C. Muito bom, muito bom... Agora é hora de testar com um game.

Entrei em Borderlands, dei uns tiros, andei no mapa, me meti com hordas de inimigos, minimizei o game e a gadget indicava 70ºC. Joguei mais uns minutos, de forma mais frenética, minimizei o game e os mesmos 70ºC. Parece que isso era o melhor que poderia ser feito. Não travou mais, então estava tudo bem.

Quinto passo: e o Linux?

Como muitos outros nerds, eu só utilizo o Windows para jogar, e fico no Linux para todo o resto. Por não jogar no Linux, então não teria problemas com a placa de vídeo, certo?

Errado. Mesmo depois de fazer funcionar tudo bonitinho no Windows, depois de uns 10 minutos de uso no Linux, deu de novo kernel panic, e a placa de vídeo torrando. E agora, como proceder? Retirar os efeitos do Compiz não estava em questão.

Foi aí que, depois de uma pequena pesquisa, encontrei um utilitário em linha de comando (no melhor estilo Linux de ser) para alterar a velocidade do ventilador da placa de vídeo. O NVClock.

Com ele preparado (./configure), compilado (make) e instalado (make install), novamente no melhor estilo Linux de ser, bastou executar o comando

nvclock -F 100 -f

E voilà, tudo em 100% novamente. E nada mais de problemas de temperatura.

Sexto passo: executando na entrada do sistema operacional.

O chato de toda essa história é ter que configurar o ventilador toda santa vez em que se inicia o sistema. No caso do Windows, diz a lenda que existe uma maneira de configurar o nTune para executar determinadas ações no boot do sistema, porém não consegui fazê-las funcionar (nos fóruns diz-se que isso é bugado mesmo e não há o que fazer). Paciência.

No Linux é só colocar o comando para ser executado no logon. Gostoso como a vida deve ser.

Configurando a execução automática do NVClock no Ubuntu 10.10
 Esse tutorial se aplica tanto para pessoas com problemas de temperatura na placa de vídeo como eu, quanto para quem quer mesmo é dar overclock na placa. Citei fontes da NVidia, mas o processo é semelhante para placas da ATI/AMD.

Mais sobre: http://www.recipester.org/Recipe:Change_nvidia_video_card_fan_speed_27843686

Até que o ventilador não aguente mais, não precisarei trocar de placa de vídeo =)

Té++

sábado, 16 de outubro de 2010

Borderlands

Iow

Não importa o quanto se goste de games de RPG (não estou falando de MMORPGs), estratégia e coisa e tal... sempre há um momento na vida do gamer em que se deseja "simplesmente jogar", sem ter que prestar atenção na história, em detalhes de intriga, em diálogos complexos, em dicas prá lá de escondidas... Tem horas que o único desejo é "não pensar em nada".

Games que tradicionalmente entram nesse nicho são de gêneros como luta, esportes e tiro (FPS - first person shooter). Mas muito dificilmente um RPG entraria nessa linha.

E é aí que Borderlands surpreende. Com a proposta clara de ser uma mistura entre RPG e FPS, ele adiciona elementos de RPG ao bom-e-velho "atire primeiro pergunte depois", sem estragar nenhum dos gêneros envolvidos.

Caixa de Borderlands para PC
A idéia é a seguinte: você cria um personagem de uma determinada classe (são 4 disponíveis, desde o brutamontes causador de dano massivo até a ligeira e indetectável assassina, passando pelo soldado de suporte e o tático sniper), sai no mundo atirando em tudo que se move (até parar de se mover), ganha níveis, habilidades e itens para continuar atirando em tudo que se move... Até que sua vida, escudo, e danos sejam suficientes para atirar em coisas maiores e mais poderosas que se movem... Que dão mais experiência e mais itens... e assim por diante.

Classes de personagem em Borderlands
 Uma boa comparação é "Diablo se fosse um shooter". Uma pistola que você encontra raramente é igual a outra pistola de mesmo modelo. Sempre há status como dano, precisão, taxa de tiros, tamanho do pente de munição, multiplicador de mira, dano crítico, dano elemental (...) que podem variar entre as armas. E como todo bom RPG, sempre existem aquelas armas "épicas", cujos status são absurdamente bons... até que você encontre arma melhor.

Inventário do personagem
Árvore de habilidades da classe Siren
Unido a tudo isso há veículos, inúmeras quests, chefes com batalhas emocionantes, especializações de classes de personagem, artefatos poderosos... E um excelente modo cooperativo em que até 4 pessoas podem jogar a mesma campanha (online ou via rede local). Sim, a campanha single-player pode ser jogada cooperativamente entre mais pessoas, deixando o jogo muito mais interessante. Obviamente, se você quer é que o outro jogador também seja uma das coisas que se movem e que deveriam deixar de se mover, há o modo competitivo.

A ambientação lembra um pouco Fallout, porém não é o caso de um planeta Terra pós-apocalíptico, e sim outro planeta (Pandora... mas não a Pandora de Avatar). Desertos, sucatas, estruturas precárias, gangues que brigam entre si... está tudo lá.


Trailer de apresentação do game


Vídeo-review da IGN

Borderlands possui versão para PC, X-Box 360 e Playstation 3. Recomendo tanto para jogadores que gostam de RTS quanto para os que gostam de RPG.

Mais sobre:

Té++

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Pathfinder - A esperança do RPG de verdade

Iow

O RPG mais jogado e famoso do mundo, o Dungeons and Dragons (D&D), foi perdendo a sua essência ao longo dos anos. Pra quem conheceu o famoso sistema a partir das últimas versões (3.5 ou 4, por exemplo), pouco percebeu, mas quem conhece o jogo desde suas versões primárias (1ª edição ou o posterior AD&D), sabe exatamente do que estou falando.

O jogo foi sendo infantilizado ao longo dos anos. Cada vez mais perdeu-se a preocupação com a verossimilhança, com a interpretação de papéis, com a diversão, e focou-se em combate, em números, em somente "deixar o personagem mais forte".

Isso é fortemente visível nas gravuras utilizadas nos livros básicos. Na época do AD&D, mostrava-se guerreiros, paladinos, ladinos etc. com trajes normais para a classe, pertinentes ao contexto. Já na terceira e principalmente na quarta edição, não há sequer uma única armadura sem cravos enormes, não há uma única espada sem um efeito luminoso e design futurista. O que raios um guerreiro daquele iria fazer em uma floresta, se enroscando nos galhos com aquela armadura surreal?

Paladino no AD&D
Paladina no D&D 3 e 3.5
Paladino no D&D 4
Guerreiro (homem de armas) no AD&D
Guerreiro no D&D 3 e 3.5
Guerreiro no D&D 4
Relação entre as escolas de magia no AD&D, algo que se perdeu com o tempo
 Outra mudança drástica foi o fator "tabuleiro". No AD&D, aboliu-se o tabuleiro demarcado, forçando os jogadores a imaginarem a cena e a interpretarem de acordo (o que exigia muito mais do mestre, é claro). Na edição 3.5, as explicações sobre manobras de batalha tornaram-se explicações sobre o tabuleiro (exemplo: você está flaqueado caso há dois inimigos em quadradinhos opostos, cercando o personagem). Já na quarta edição, mudou-se tudo para quadradinhos: o deslocamento, antes em metros, tornou-se quadrados. O raio de efeito de uma magia, em quadrados². Tamanho de criatura? Número de quadrados. Definitivamente nenhuma relação com a realidade.

Quadradinhos para todos os lados
 Eis que então, para os jogadores experientes, fica a pergunta: o que há de RPG, ou seja, o que há de jogo de interpretação de papéis em um sistema onde a única coisa que você não faz é interpretar um papel? Não há mais diferença entre o D&D e um outro jogo de tabuleiro qualquer, digamos, WAR ou banco imobiliário. Nada contra esses jogos, eu até possuo e jogo ambos, mas RPG era para ser algo diferente...

Mas existe uma esperança. Cientes das manobras grosseiras da Wizards of the Coast para ganhar mais dinheiro (infantilizando o jogo e o tornando um clone de MMORPGs), autores e entusiastas da antiga maneira de se jogar RPG se uniram e criaram o sistema chamado Pathfinder:

Livro de regras do Pathfinder
 Pathfinder, como os próprios autores o definem, é uma melhoria do D&D 3.5, considerado por muitos o ápice do sistema D&D. Foi mantida toda a essência do jogo de interpretação, focando na interação do grupo, na relação com a realidade, e é claro, na diversão.

Além disso, para promover o uso e a distribuição, o jogo foi publicado segundo a licença OGL (Open Game License), que permite o uso do sistema por terceiros sem o pagamento de royalties.

É muito bom ver que ainda há pessoas interessadas em jogar RPG de verdade, como foi concebido. MMORPG se joga em casa, sozinho na frente do PC. RPG se joga em grupo, rindo e chorando juntos a cada desafio lançado pelo mestre. É necessário deixar claro para as novas gerações o real significado desse estilo de jogo.

Aprofundando a leitura:


Té++

High School of the Dead

Iow

Se existe um anime que chacoalhou os telespectadores na última leva do oriente, esse anime é H.O.T.D. (sigla difundida para o High School of the Dead).

A história é meio batida: zumbis. Zumbis por todo lado. Zumbis que não acabam mais. Zumbis que saem em busca dos não-zumbis para devorá-los... e quando os não-zumbis são mordidos, acabam virando zumbis também. Parece familiar? Sim, nada é tão similar a Resident Evil do que essa história.

Mas as semelhanças param por aí. O anime/mangá leva o nome High School of the Dead justamente porque a história começa em um colégio japonês. Zumbis misteriosamente começam a aparecer e a causar todo o caos, enquanto que um grupo de alunos e professores luta para sobreviver.

E o que mais chama atenção, seguindo o gênero ecchi, são as alunas (e professoras). Não é a toa que o anime também é conhecido como High Boobs of the Dead, ou então High Sch(.)(.)l of the Dead.

Miyamoto Rei, uma das alunas
Peitões chacoalhantes para todo lado. Todas as mulheres (eu disse todas as mulheres) excessivamente peitudas. Zumbi atacando a pobre e indefesa garota? Da-lhe roupas rasgando, vento batendo, e narizes sangrando.

Fora a notável sensualidade, o que também chama a atenção é a violência desenfreada. Qual a melhor maneira de passar por centenas de zumbis que bloqueiam a saída do colégio? Usando um ônibus escolar e passando por cima deles, é claro. Taco de baseball? Melhor dizer "taco de cabeça de zumbi". Espadas? Hum... interessante. Armas de fogo? Não falta mais nada.


Abertura do anime

O anime tem uma qualidade impressionante, com efeitos de computação gráfica (3D, iluminação), sonzeira empolgante (guitarras gritando na hora da ação, que não é pouca) e uma atmosfera envolvente, que não te deixa parar de assistir enquanto não ver toda a temporada.


Vídeo promocional de divulgação

Ação, porradaria, violência, sangue, peitões... com um enredo assim, nem precisaria de história... Mas mesmo com um início clichê, a história também merece destaque, pois a imersão é muito grande.

Fansubs:

O anime fez tanto sucesso por aqui, que até mesmo o arrogante Dattebayo-Brasil o legendou. Mas quem não gosta de compactuar com gente rude, outros fansubs de qualidade também o legendaram. Os que recomendo são o Anime no Sekai (download via IRC) e o ganancioso Punch! (download via http file hosting).

Temporada:

Inicialmente foram produzidos 12 episódios do anime (referente a 1 temporada). Como o mangá ainda não acabou, fica a expectativa para a produção de mais temporadas. Resta esperar.

H.O.T.D. é parada obrigatória pra quem curte uma boa mistura de ação e ecchi. 100% recomendado.

Té++

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Descobrindo a definição religiosa

Iow

Há várias coisas que definem uma pessoa. A idade, o sexo, a nacionalidade, os hobbies... E uma coisa que sempre fez muita diferença na vida de uma pessoa ao longo da história, é a religião que ela segue.

Não tem jeito, fatalmente alguma vez na vida você já foi questionado (e talvez até interrogado) sobre a sua religião. E, no Brasil-sil-sil, a coisa mais fácil de se dizer, para escapar de qualquer polêmica, é que se é "católico não-praticante".

Fácil, extremamente fácil, pra você e eu e todo mundo cantar junto. Mas como introduzi em outro post, dizer que se é "católico não-praticante" é só um meio de camuflar que, na verdade, não se é nada, ou não se importa com religião. Diz amém, vai à igreja de vez em quando (natal?), reza quando alguma coisa está ruim, mas na verdade não se é católico, com todas as letras, como manda o vigário.

Desde as primeiras aulas de história, descobri que na verdade eu não era católico. Não tem como dizer que sigo uma religião, se na verdade discordo da maioria de suas ações. Por um tempo coloquei a carapuça de "católico não-praticante", mas depois também não me serviu mais.

Comecei então a buscar conhecimento. Saí em busca de outras religiões. Se discordava da católica, deveria haver alguma com a qual eu concordasse...

E fui. E cada nova religião que eu estudava, mais aspectos que eu não concordava apareciam. Fui em busca da religião perfeita, mesmo sabendo que ela não existia (o que não me impedia de continuar procurando).

Esse processo de busca foi muito bom pra mim, pois abri minha mente para qualquer coisa. Livrei-me dos preconceitos bizarros, e deixei-me levar pela curiosidade.

Muito bom, muito bem... mas nesse processo perdi uma característica, uma das definições de pessoa: afinal, qual é a minha religião?

Frente a essa pergunta, fiquei muito tempo sem resposta. Já citei "err... nada ué!!!", "não sei" e até "tenho a minha própria". Todas respostas evasivas. Não que isso realmente importe, ainda mais no estado de busca contínua pela religião perfeita (que não existe), mas era algo incômodo.

Recentemente, em uma lista de e-mails de um grupo de jovens que participo, surgiu um assunto extremamente católico: a de que os pecados só podem ser perdoados através da intervenção divina, e que só é possível chegar a Deus através de Jesus Cristo. (Insira um "amém" aqui se achar necessário).

Bem, no meu impulso de sempre buscar conhecimento, fui em busca dos conceitos (pecado e perdão) em outras religiões. Foi bem produtivo:

Judaismo:
"...Para os judeus não há a idéia de pecado original. A visão judaica é que os seres humanos não nascem naturalmente bons ou maus. Todo indivíduo tem inclinações boas e más, mas tem também o livre-arbítrio moral para escolher o bem, e esse livre-arbítrio moral para o bem pode ser mais poderoso do que a inclinação para o mal. Na verdade, a ética judaica traz consigo a idéia de que os seres humanos decidem por si mesmos como agir. Isso é assim porque a inclinação para o mal e a possibilidade de pecado inerente à mesma permitem que as pessoas escolham o que é bom e, assim, obtenham mérito moral. A visão judaica não é a que as pessoas estão indefesas diante do equívoco moral e dependem de terceiros para serem salvas. O judaísmo entende que os seres humanos foram dotados de recursos para que sejam capazes de optar pelo bem quando se deparam com uma situação em que há inclinações para o bem e para o mal. Assim, têm a possiblidade de aprender com os próprios erros e evoluir moralmente."
( http://www.conversaojudaica.org/diferencas.php )

Islamismo:
"Islamismo: O perdão de pecados é obtido pela graça de Alá sem um mediador. O muçulmano tem que acreditar que Alá existe, acreditar nas doutrinas fundamentais do Islã, acredita que Muhammad é o profeta dele e seguir os mandamentos de Alá contidos no Alcorão."
( http://logoshp.6te.net/ISLAcomp1.htm )

"(o Arrependimento): A primeira coisa que purifica as pessoas dos pecados é o arrependimento. A entrada no Paraíso é diretamente ligada ao arrependimento. Se você se arrepender sinceramente perante Allah SWT tudo o que foi feito antes será apagado. O arrependimento tem 3 requisitos principais."
( http://www.islam.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=225:purificadores-dos-pecados&catid=53:aulas&directory=2 )

Budismo:
"...Os preceitos disciplinam o comportamento e ajudam a diferenciar entre certo e errado. Através do ato de disciplinar pensamento, ação e comportamento, pode-se evitar os estados de mente que destroem a paz interior. Quando um budista incidentalmente quebra um dos preceitos, ele não busca o perdão do pecado por parte de uma autoridade superior, como Deus ou um padre. Ao invés disso, se arrepende e analisa o porquê de ter quebrado o preceito. Confiando em sua sabedoria e determinação, modifica seu comportamento para prevenir a recorrência do mesmo erro. Ao fazer isso, o budista confia no esforço individual de auto-análise e auto-perfeição. Isto ajuda a restaurar paz e pureza de mente."
( http://hsingyun.dharmanet.com.br/buddhismo.htm )

Também consultei aqui: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pecado , fala sobre o pecado em várias perspectivas.

E sobre o perdão, encontrei esse texto que também explica bem:
"O perdão é um processo mental ou espiritual de cessar o sentimento de ressentimento ou raiva contra outra pessoa, decorrente de uma ofensa percebida, diferença ou erro, ou cessar a exigência de castigo ou restituição.

O perdão pode ser considerado simplesmente em termos dos sentimentos da pessoa que perdoa, ou em termos do relacionamento entre o que perdoa e a pessoa perdoada. É normalmente concedido sem qualquer expectativa de compensação, e pode ocorrer sem que o perdoado tome conhecimento (por exemplo, uma pessoa pode perdoar outra pessoa que está morta ou que não se vê a muito tempo). Em outros casos, o perdão pode vir através da oferta de alguma forma de desculpa ou restituição, ou mesmo um justo pedido de perdão, dirigido ao ofendido, por acreditar que ele é capaz de perdoar.

O perdão é o esquecimento completo e absoluto das ofensas, vem do coração é sincero, generoso e não fere o amor próprio do ofensor. Não impõe condições humilhantes tampouco é motivado por orgulho ou ostentação. O verdadeiro perdão se reconhece pelos atos e não pelas palavras.

Existem religiões que incluem disciplinas sobre a natureza do perdão, e muitas destas disciplinas fornecem uma base subjacente para as várias teorias modernas e práticas de perdão.

Exemplo de ensino do perdão está na "parábola do Filho Pródigo" (Lucas 15:11–32).

Normalmente as doutrinas de cunho religioso trabalham o perdão sob duas óticas diferentes, que são:

* Uma ênfase maior na necessidade das faltas dos seres humanos serem perdoadas por Deus;
* Uma ênfase maior na necessidade dos seres humanos praticarem o perdão entre si, como pré-requisito para o aprimoramento espiritual."
( http://pt.wikipedia.org/wiki/Perd%C3%A3o )

Tive bastante dificuldade em encontrar citações sobre outras religiões. Esbarrei em muito blog preconceituoso, autores que tentam se achar os donos da verdade ou simplesmente impor a sua visão religiosa sobre os fatos. É triste, mas encontrei mais artigos desse jeito do que pregando realmente o que religiões mais se propõem (a paz).

Após enviado o e-mail, fui virtualmente apedrejado. Para ficar mais icônico só faltaram palavras de ordem medievais. E então comecei a pensar... Será que na verdade eu sou ateu?

Fiquei com a pulga atrás da orelha. Poxa, mas eu acredito em algo superior, só não encontrei uma religião com que eu concorde... Será que isso me condena a ter que enfrentar as pedras em vida e a queimar no fogo do inferno por toda a eternidade?

Comecei a fazer testes do tipo "descubra em 5 passos se você é ateu". Não passava do primeiro. Afinal, de novo, eu acredito em algo superior, ora bolas.

Então comecei a procurar por um bizarro meio termo entre teísmo e ateísmo. E dada a característica extremista dos artigos na web, novamente tive dificuldades. Mas como sou brasileiro e não desisto nunca, encontrei artigos sobre os agnósticos:

"Muitas pessoas usam, erroneamente, a palavra agnosticismo com o sentido de um meio-termo entre teísmo e ateísmo. Isso é estritamente incorreto pois teísmo e ateísmo separam aqueles que acreditam num Deus daqueles que acreditam na inexistência de Deus. O agnosticismo separa aqueles que acreditam que a razão não pode penetrar o reino do sobrenatural daqueles que defendem a capacidade da razão de afirmar ou negar a veracidade da crença teística."
( http://pt.wikipedia.org/wiki/Agnosticismo )

Beleza, senti que eu estava perto, mas... ainda não era aquilo. Na mesma fonte, outro texto me chamou a atenção:

"Um agnóstico pode crer apenas por fé em algum deus ou deuses, ao mesmo tempo em que admite não ter conhecimento sobre a existência do(s) mesmo(s), podendo ser teísta se acreditar nos conceitos de deuses como descritos por alguma religião, ou deísta se for algo diferente desses moldes."

Deísta? O que raios é isso?

E graças a wikipedia, encontrei a definição que há muito tempo procurava:
"O deísmo é uma postura filosófico-religiosa que admite a existência de um Deus criador, mas questiona a ideia de revelação divina. É uma doutrina que considera a razão como uma via capaz de nos assegurar da existência de Deus, desconsiderando, para tal fim, a prática de alguma religião denominacional."
"Os deistas acreditam na possibilidade da existência de dimensões transcendentais. Contudo, não estão presos a nenhum tipo de mitologia ou dogma. Frequentemente, os deístas se encontram insatisfeitos com as religiões denominacionais, e apresentam, geralmente, algumas afirmações que os diferenciam dos religiosos convencionais ou teístas.:
  1. Acredito em um Deus, mas não pratico nenhuma religião em particular;
  2. Acredito que a palavra de Deus são as leis da natureza e do Universo, não os livros ditos "sagrados" escritos por homens em condições duvidosas;
  3. Gosto de usar a razão para pensar na possibilidade de existência de outras dimensões, não aceitando doutrinas elaboradas por homens;
  4. Acredito que os ideais religiosos devem tentar reconciliar e não contradizer a ciência.
  5. Creio que se pode encontrar Deus mais facilmente fora do que dentro de alguma religião;
  6. Desfruto da liberdade de procurar uma espiritualidade que me satisfaça;
  7. Prefiro elaborar meus princípios e meus valores pessoais pelo raciocínio lógico, do que aceitar as imposições escritas em livros ditos "sagrados" ou autoridades religiosas;
  8. Sou um livre pensador individual, cujas convicções não se formaram por força de uma tradição ou a "autoridade" de outros;
  9. Acredito que religião e Estado devem ser separados;
  10. Prefiro me considerar como um ser racional, ao invés de religioso."

CARACA!!! Perfeito!!! É exatamente como penso, mas que várias vezes não consegui me explicar e deixar claro. Nem eu mesmo sabia que existia uma definição para o meu padrão de pensamento... Pronto, agora posso dizer de uma vez por todas: sou deísta =)

Entrei em euforia. Chamei mãe, namorada, cachorro papagaio, falei pra quem quisesse ouvir: encontrei minha definição religiosa!!!

E, naturalmente, passei a mesma euforia por e-mail para a lista do grupo de jovens, esperando alguma reação positiva (ou até bem humorada)... Mas...

Pedras, pedras e mais pedras. Chegaram ao ridículo de tentarem me converter (oh pobre ser desamparado...), que é uma das poucas coisas que ainda me irritam nesse papo de religião.

Desse ponto em diante tive que dar razão aos ateus: é difícil conversar de forma civilizada com quem é extremista religioso. Esse post explica muito bem isso:

http://www.atheistrev.com/2009/11/whats-so-bad-about-religion.html

Então resolvi chutar o balde: dado o típico "o que os olhos não veem o coração não sente", prefiro não ler nada "católico demais" para evitar apedrejamento virtual. Apesar de que "o pior cego é o que não quer ver", também é verdade que "se fosse possível argumentar racionalmente com religiosos, não haveria religiosos...".

Conhecimento é o que interessa.

Saudações deístas.

Té++

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Empresas "Evil"

Iow

Quinta-feira pré-feriado, final de expediente, entre uma conversa e outra sobre tecnologia, soltei a mortal frase:

"Pra mim Steve Jobs e Bill Gates são farinha do mesmo saco. Ambas empresas que eles representam são evil..."

Inicialmente falei isso com tom irônico, principalmente sobre o "evil". Mas a discussão tomou uma proporção tal que cheguei a ter que explicar a minha filosofia de vida e como eu interpreto as coisas que vejo.

Os principais pontos foram:

  • O que é ser uma empresa "evil"? Qual o problema se o objetivo é sempre o lucro?
  • Apple vs. Microsoft vs. Google: qual é evil, qual não é, e por que?
  • Você se importa em se submeter a tecnologias e processos fechados (aka. proprietários)?
Pensei em escrever textos longos levantando cada ponto, como cada empresa citada trabalha, como é a abordagem com os usuários, como é a abordagem com os desenvolvedores 3rd party, o que é ser "empresa evil" sob vários aspectos, blablabla... mas quando comecei a fazer pesquisas de embasamento, descobri que há no mundo muito mais Marco's, Gilbertos, Daniéis e Brunos do que eu imaginava.

Segue uma lista de links interessantes para leitura:

Is Apple More Evil Than Microsoft? - http://www.switched.com/2009/08/03/is-apple-more-evil-than-microsoft/

Texto que compara a "evilness" das duas empresas, segundo vários aspectos. Uma frase de efeito é 'We've previously discussed how the media gives Apple a free pass -- but the more important question is, what is it up to while everyone is distracted by railing against Microsoft?"

APPLE is EVIL, You're All Fanboys and other half-truths - http://radar.oreilly.com/2009/08/apple-is-evil-youre-all-fanboy.html

Texto pra lá de extremista. Coloquei como referência de um chute-de-balde. Interessante ver os esporros nos comentários.

Why Microsoft is Evil (and Google is Not) - http://www.cognition.ca/2009/02/why-microsoft-is-evil-and-google-is-not.html

Texto que compara Google e Microsoft. Frases de efeito: "I'm a geek. If you're reading my blog, you're probably a geek as well. And one of the defining characteristics of geeks, is that we like to think we're different from ordinary people." ... "People are sheep."

Why Microsoft® is Evil - http://everything2.com/title/Why+Microsoft+is+evil

Texto em que o autor mostra a sua opinião sobre as práticas de negócio predatórias da Microsoft ao longo do tempo.

Evil-Microsoft timeline - http://www.robotwisdom.com/linux/microsoft.html

História da Microsoft segundo a óptica de um mebro da comunidade Linux.

And then there were four - http://www.google-watch.org/bigbro.html

Vez do Google. Aqui fala-se de como o Google pode ser evil se quiser, já que ele sabe tudo sobre quem usa seus serviços... E dificilmente alguém não usa.

Is Google Evil? - http://motherjones.com/politics/2006/10/google-evil

Texto que trata mais o lado político do risco da total falta de privacidade que o Google representa. Frase de efeito: "So the question is not whether Google will always do the right thing it hasn't, and it won't."

Google isn't Evil. Flash isn't Dead; Thank god the Open Web doesn't have a single vendor - http://almaer.com/blog/google-isnt-evil-flash-isnt-dead-thank-god-the-open-web-doesnt-have-a-single-vendor

Texto de um ex-funcionário da Mozilla, que fala sobre como é trabalhar tendo como objetivo uma missão e não o lucro imediato. Fala sobre a importância da concorrência entre as empresas e a necessidade de padrões. O texto começa com o seguinte trecho: "Steve Jobs didn't hold back when talking about Google and Adobe. That is great. Life is so much more fun when people speak their mind."

Don't be evil - http://en.wikipedia.org/wiki/Don%27t_be_evil

Página na wikipedia que explica o slogan interno dos funcionários do Google, e algumas controvérsias sobre isso.

The Worst Proprietary Gadget Offenses - http://gizmodo.com/5168500/the-worst-proprietary-gadget-offenses

Texto que não fala diretamente sobre a "evilness" das empresas, mas lista uma série de dispositivos que segundo o autor são uma ofensa a liberdade de escolha das pessoas.

Lembrando que o fato de eu ter citado os textos não significa que compartilho da mesma opinião deles. Aliás, há texto citados que se contradizem. Esses textos foram os que me chamaram a atenção, mas com certeza há cetenas de outros que mereceriam citação também.

Uma coisa legal é analisar os comentários das pessoas que leram os posts. Há conteúdos e opiniões tão interessantes quanto o texto original.

De modo geral, o que notei na maioria das discussões é o seguinte (resumindo):

  • Microsoft é evil desde sua criação, e devido ao seu histórico de trapassas e atitudes predatórias. Ganhou o estigma de evil e inimiga no. 1 do direito de escolha das pessoas (e do software livre).
  • A Apple, apesar de não ter o foco no público geralzão como a Microsoft, é mais restritiva ainda no quesito liberdade de escolha. Devido ao fato de "quem foi pra Apple foi porque quis e não porque foi obrigado" (alguns posts discutem a veracidade dessa frase), a Apple é considerada menos evil que a Microsoft... Porém se um dia a Apple tivesse o mesmo foco e fatia do mercado que a Microsoft, seria mais evil.
  • É muito fácil e rápido encontrar motivos para dizer que a Microsoft ou Apple é evil, mas demora-se um pouco para falar isso do Google. O que se observa é um grande medo do que o Google pode se tornar no futuro. Muitos posts observam que o Google sabe tudo sobre qualquer pessoa, e que isso pode ser utilizado da pior maneira possível. E será usado? Essa é a grande questão.

Uma coisa eu acredito: seguindo a filosofia chinesa do Yin Yang, nada é absoluto: não existe nada puramente "evil" e nada puramente "good". Isso se aplica a tudo na vida, inclusive às empresas.

A pergunta que se faz é: você trabalha por uma missão, um objetivo, ou trabalha pelo dinheiro, pelo lucro?

Citando novamente Yin Yang, se você só trabalhar por uma missão, você morre de fome, pois não ganha dinheiro. Se você só trabalha pelo dinheiro, você morre de desgosto e frustração, afinal todo ser humano precisa de um objetivo. Portanto, reformulando a pergunta, você PRIORIZA o trabalho por uma missão ou o trabalho pelo dinheiro?

A resposta dessa pergunta influencia diretamente em como você interpreta essas pesquisas, com relação a "quem é evil".

Tentando responder as perguntas iniciais, então:

  • 'Evil' é a empresa que fecha seus produtos de forma que uma vez que o usuário os obtém, não consegue trocar de fornecedor facilmente ou não consegue integrar com softwares/ferramentas de terceiros. No mundo do devel conhecemos a Oracle (entre muitas outras) por ter essa abordagem com relação a seu SGBD. Além disso o termo 'evil' pode ser associado a ações de espelham falta de ética da empresa, como competição desleal, práticas ilegais etc..
  • Qual o problema se o objetivo sempre é o lucro? Isso depende da percepção de cada um sobre se realmente o único objetivo é o lucro. É aquela história de missão vs. dinheiro. Os mais dinheiristas tendem a ridicularizar os mais missionários, citando "o mundo é assim mesmo", "você não pode fazer nada para mudar isso" e "aceite as coisas como elas são". Muita gente não é simples assim. Os mais missionários tendem a chamar os dinheiristas de "vendidos", "mercenários" e "anti-éticos". Enfim...
  • A minha opinião é que sempre existirão empresas 'evil', e enquanto elas existirem (ou seja, sempre), sempre haverão as pessoas (e portanto empresas) que combaterão isso. Nunca haverá um vencedor. Se o Google se tornar a empresa mais 'evil' do universo, surgirá outra empresa boazinha para servir de contra-exemplo. E assim caminha a humanidade.
  • Eu particularmente me sinto incomodado a ter que me submeter a algo fechado, de onde não poderei sair com facilidade. Para citar um exemplo, me sinto mais confortável com o Android do que com o iPhone. Me sinto mais confortável com o Java do que com o .NET. Mais confortável com o Linux do que com o Windows. "Ah, mas nem o Android nem o Java são e serão 100% livres!!!"... Yin Yang... Yin Yang...

E que seja abençoada a diversidade de pensamentos.

Té++