terça-feira, 5 de outubro de 2010

Pathfinder - A esperança do RPG de verdade

Iow

O RPG mais jogado e famoso do mundo, o Dungeons and Dragons (D&D), foi perdendo a sua essência ao longo dos anos. Pra quem conheceu o famoso sistema a partir das últimas versões (3.5 ou 4, por exemplo), pouco percebeu, mas quem conhece o jogo desde suas versões primárias (1ª edição ou o posterior AD&D), sabe exatamente do que estou falando.

O jogo foi sendo infantilizado ao longo dos anos. Cada vez mais perdeu-se a preocupação com a verossimilhança, com a interpretação de papéis, com a diversão, e focou-se em combate, em números, em somente "deixar o personagem mais forte".

Isso é fortemente visível nas gravuras utilizadas nos livros básicos. Na época do AD&D, mostrava-se guerreiros, paladinos, ladinos etc. com trajes normais para a classe, pertinentes ao contexto. Já na terceira e principalmente na quarta edição, não há sequer uma única armadura sem cravos enormes, não há uma única espada sem um efeito luminoso e design futurista. O que raios um guerreiro daquele iria fazer em uma floresta, se enroscando nos galhos com aquela armadura surreal?

Paladino no AD&D
Paladina no D&D 3 e 3.5
Paladino no D&D 4
Guerreiro (homem de armas) no AD&D
Guerreiro no D&D 3 e 3.5
Guerreiro no D&D 4
Relação entre as escolas de magia no AD&D, algo que se perdeu com o tempo
 Outra mudança drástica foi o fator "tabuleiro". No AD&D, aboliu-se o tabuleiro demarcado, forçando os jogadores a imaginarem a cena e a interpretarem de acordo (o que exigia muito mais do mestre, é claro). Na edição 3.5, as explicações sobre manobras de batalha tornaram-se explicações sobre o tabuleiro (exemplo: você está flaqueado caso há dois inimigos em quadradinhos opostos, cercando o personagem). Já na quarta edição, mudou-se tudo para quadradinhos: o deslocamento, antes em metros, tornou-se quadrados. O raio de efeito de uma magia, em quadrados². Tamanho de criatura? Número de quadrados. Definitivamente nenhuma relação com a realidade.

Quadradinhos para todos os lados
 Eis que então, para os jogadores experientes, fica a pergunta: o que há de RPG, ou seja, o que há de jogo de interpretação de papéis em um sistema onde a única coisa que você não faz é interpretar um papel? Não há mais diferença entre o D&D e um outro jogo de tabuleiro qualquer, digamos, WAR ou banco imobiliário. Nada contra esses jogos, eu até possuo e jogo ambos, mas RPG era para ser algo diferente...

Mas existe uma esperança. Cientes das manobras grosseiras da Wizards of the Coast para ganhar mais dinheiro (infantilizando o jogo e o tornando um clone de MMORPGs), autores e entusiastas da antiga maneira de se jogar RPG se uniram e criaram o sistema chamado Pathfinder:

Livro de regras do Pathfinder
 Pathfinder, como os próprios autores o definem, é uma melhoria do D&D 3.5, considerado por muitos o ápice do sistema D&D. Foi mantida toda a essência do jogo de interpretação, focando na interação do grupo, na relação com a realidade, e é claro, na diversão.

Além disso, para promover o uso e a distribuição, o jogo foi publicado segundo a licença OGL (Open Game License), que permite o uso do sistema por terceiros sem o pagamento de royalties.

É muito bom ver que ainda há pessoas interessadas em jogar RPG de verdade, como foi concebido. MMORPG se joga em casa, sozinho na frente do PC. RPG se joga em grupo, rindo e chorando juntos a cada desafio lançado pelo mestre. É necessário deixar claro para as novas gerações o real significado desse estilo de jogo.

Aprofundando a leitura:


Té++

Um comentário:

Nivaldo Lorin disse...

Quando eu apresentei para o GILBERTO eu tinha esperança de que fosse traduzido mas não será... Mas me parece que os pessoal da Dragão Brasil junto com os editores da tormenta estão fazendo um modelo brasileiro do Pathfinder ou seja os desbravadores ... espero que fique bom...