domingo, 14 de dezembro de 2008

Uma aventura norte-americana (parte 3)

(Leia a parte 1 e a parte 2 primeiro caso não tenha visto)

Hora de ir pra Chicago. Depois de 2 horas no vôo mais turbulento que já voei (e pra ajudar eu estava bem no fundo do avião, quase fora (classe econômica é uma M...)), finalmente chego no aeroporto internacional de Chicago.

Depois de pegar as malas, fui atrás do Sérgio Francês. A gente tinha combinado, ainda no Brasil, que iríamos se encontrar no aeroporto. Como o celular não funcionava lá (mesmo eu tendo habilitado o roaming internacional), eu fiquei na mão do destino.

Mas já começou errado. Aquele aeroporto é um monstro. A chance de ele me encontrar era mínima.

Foi então que um pedaço de papel me salvou. No dia anterior, ainda em Orlando, acessei a internet pra ver e-mails e vi o número da prima do Francês que mora em Chicago. Anotei no papel e coloquei na minha pasta de documentos que ficava dentro da minha mochila. Fui num telefone público, tirei a pasta, peguei o papel e liguei. Foi a sorte. Encontrei eles e fomos para a casa da tia do Francês (a mãe da prima dele).

Chegando lá, tiramos a bagagem do carro, corremos pra casa (tava friiiio), e ao entrar notaram que o ziper da minha mochila estava aberto. Ué? Fui olhar, cadê a minha pasta de documentos!!!???

Putz!!!!!!!!!! Será que roubaram? Será que caiu no chão? Que merda!!! Pelo menos o passaporte estava comigo. Mas na pasta estava o meu pen drive com todas as fotos de Olrando, já que o cartão da máquina encheu e eu apaguei pra poder tirar fotos em Chicago. Que M...!!!

Depois de ligar e religar pro aeroporto, pra companhia, pro achados e perdidos, resolvemos voltar pro aeroporto. E era longe hein... Meia hora de carro, se o trânsito estivesse bom.

Chegando lá, uma surpresa. A pasta estava lá, bonitinha, no telefone público que usei pra telefonar. Devido ao cansaço da Black Friday eu devo ter me desligado e esquecido a pasta lá. E o mais intrigante é que ninguém mexeu. E isso gerou o inevitável comentário "Ah se fosse no Brasil...".

Dia seguinte começava a RSNA. Saímos bem cedo pra chegar no local da feira logo na abertura. O duro era se acostumar com o fuso horário, 4 horas a menos que o de Brasília no horário de verão. No caminho, deu pra notar a imponência dos prédios do centro.





Chegando na RSNA, fomos direto nos registrar pra já começar a visitar as empresas. Eta feira gigante. Tinha tanta coisa pra ver, tanto lugar pra olhar, que era difícil até saber por onde começar.



O mais improvável, além disso, era encontrar com o segundo pelotão da empresa lá na feira. Não conseguimos entrar em contato com os diretores lá em Chicago, então seria na sorte. E foi. Numa hora que estávamos procurando uma loja da Star Bucks Coffee, pegamos o rumo errado e fomo parar lá na entrada. E demos de cara com o Fernando, um dos diretores. A partir daí deu pra se organizar melhor. Trocamos figurinhas sobre o que era legal de ver por lá, e fizemos algumas análises.

O mais difícil na feira foi, na verdade, conseguir convencer os expositores de que não éramos espiões. Como fomos convidados pela TeraRecon, no nosso crachá estava escrito "Expositor - TeraRecon"... Ou seja, era como se trabalhássemos para ela. E da-lhe papo...

  • "Somos estudantes fazendo trabalho acadêmico..."
  • "Representamos um hospital no Brasil e estamos aqui pesquisando qual o melhor sistema para implantarmos lá..."
  • "Somos desenvolvedores autônomos e estamos fazendo uma pesquisa..."
  • "É, trabalhamos na TeraRecon mesmo, chupa essa manga garotão..."... ops, essa não.
Enfim, foi um tormento conseguir extrair informação dos expositores porque a maioria é concorrente da TeraRecon. Éramos espiões sim, mas não a serviço da TeraRecon, e sim da Pixeon >=)

Fim de feira, fomos dar um rolé pela cidade. Na foto parece que está bem tarde, mas lá estava anoitecendo antes das 5 da tarde.



Dia seguinte, surpresa!!! Tudo branco!!! Nevou durante a noite. Eeeeeeeeeee!!! (alegria de turista)



A neve é muito bonita, muito fofa, muito legal... Mas pra quem convive com ela, é uma porcaria. Antes de sair de casa é necessário abrir caminho na neve com uma pá, pra não escorregar. Antes de sair com o carro tem que tirar a neve de cima. O vento em Chicago faz com que a neve não cai em floco certinhos, mas sim caia como se fosse uma areia, uma areia gelada. E ficar levando isso na cara é bem complicado.



Pra andar por lá eu estava usando 2 camisetas grossas, a minha jaquetona, 2 calças, 2 meias, luva, protetor de orelha e gorro. E tava frio.

Inclusive isso gerou um episódio cômico. Ao sair pra feira, eu me enchi de roupa. Chegando na feira, como o ambiente é aquecido, tive que tirar aquele monte de coisa por baixo. No final da feira, todo mundo foi saindo e eu esqueci de recolocar as roupas por baixo. Resultado: estava quase morrendo de frio na rua. Até bateu aquela preocupação, afinal não faz muito tempo que me recuperei de uma pneumonia (vide história).

A mulherada, só pra variar, entrou numa loja da Victoria's Secret, uma loja famosa de artigos femininos (tipo uma Marisa). Como estava congelando, entrei também. E não teve jeito, tive que pedir pra ir no provador pra colocar as roupas por baixo. Quem estava comigo perdeu a oportunidade de tirar uma foto do caso... Eu saindo do provador de uma loja cheia de roupas íntimas sensuais femininas.

Pelo menos aprendi a lição. Nunuca mais esqueci de sair bem agasalhado.

A feira durou 5 dias, mas os diretores só foram em 2 dias e depois foram para a férias no Canadá. Diretoria é diretoria né... No último dia demos uma andada pela cidade, fomos a um museu de arte contemporânea (daqueles que em 90% das obras você olha e faz cara de ponto de interrogação) e conhecemos alguns pontos interessantes e fomos a uma loja de livros.



Inicialmente eu pensei "bom, eu não sou muito de ler, vou só acompanhar...". Mas foi chegar na sessão nerd da loja, onde ficam os mangás, comics etc., ferrou... E ferrou mais ainda quando eu vi na estante uma caixa toda estilosa, lacradinha, com os 3 livros básicos da quarta edição de Dungeons & Dragons. Argh!!! "Não vou comprar... não vou comprar... não vou comprar... Ah, dane-se, comprei". (sim, isso parece pensamento de mulher ao ver qualquer vitrine... vai ver o episódio na Victoria's Secret me afetou). Garanti um passatempo pra... err... "passar o tempo" nas esperas do aeroporto.



E foi isso. No dia seguinte peguei o avião pro Brasil, e o Sérgio foi para New York (se eu não tivesse fechado o pacote da viagem eu iria também). Fui pela United Airlines, em 9 horas e pouco de vôo. O avião tinha a seguinte distribuição de poltronas:

janela|2 poltronas|corredor|5 poltronas|corredor|2 poltronas|janela

... e eu peguei a do meio das 5 poltronas. O pior lugar possível. E na United, a classe econômica fica quase fora do avião, láááá atrás. Então seguuuura peão!!!

Chegando no Brasil, em São Paulo, já deu pra notar a diferença. O embarque pro meu vôo pra Florianópolis estava escrito no cartão que seria feito pelo portão 5. No painel estava escrito que seria pelo portão 9. E acabou sendo feito pelo portão 7. Blah. Imagino um gringo tendo que se "orientar" por lá.

E assim acabou a Aventura norte-americana =).

Resumo da viagem:

Período:
De 21 de novembro até 5 de dezembro de 2008

Cidades:
Miami, Orlando, Tampa e Chicago

Vôos:
5. De Floripa pro Rio de Janeiro (Tam), do Rio pra Miami (Tam), de Orlando pra Chicago (United), de Chicago pra São Paulo (United) e São Paulo pra Floripa de volta (Tam).

Com quem viajei:
Durante a fase Flórida estávamos em 7: eu, Marco, Cassiana, Andrey, Vanessa, Rafael e Renata. Durante a fase Chicago estávamos eu e o Sérgio, e depois encontramos Iomani, Karyne, Fernando e Justine.

Onde fiquei:
Em Orlando ficamos em um hotel próximo aos parques da Universal, em Chicago eu fiquei pentelhando os tios do Sérgio na casa deles.

O que me chamou atenção:
Bom, a alimentação foi um ponto que pegou bastante. Em Chicago não tive problemas, pois fiquei na casa da tia do Sérgio, e ela cozinha bem pra caramba =). Mas em Orlando foi duro. Principalmente porque pra todo mundo que estava com a gente a alimentação podia ficar em segundo plano, mas pra mim e a minha querida talassemia, não rolava ficar no fast food toda hora.

Uma coisa que reparei é que os norte-americanos são extremamente consumistas. Dava pra ver pelas promoções: o que mais vi por lá foi "buy one and get 50% off for the second" (compre um e ganhe 50% de desconto no segundo).

Outra coisa que reparei é a segregação de cultura devido a raça. Não se via negros andando com brancos e vice-versa. Quando falei isso na casa da tia do Sérgio, acharam estranho. Lá isso parece ser tão normal que ninguém nem nota.

Uma coisa legal de lá é que o valor dos impostos é calculado depois do preço do produto. Digamos que certo produto seja 10 doláres. Mas o que você paga é, digamos, 11 dólares. Esse 1 dólar a mais só aparece no caixa (as taxes), e você, consumidor, sabe exatamente quanto de imposto está pagando. Imagina isso no Brasil? "O valor é 10 reais, mas com impostos fica R$59,90...".

Além disso, lá o troco é sempre exato. Eles possuem, na maioria das lojas que fui, uma "máquina de troco", que despeja as moedas exatas do que você tem que receber. Resultado disso é que a carteira enche de moedas rapidinho. Mas é um costume legal. Niniguém dá balinha ou surrupia um centavo seu.

"Ser nerd não é uma bosta. Ser nerd no Brasil é que é." Lá, qualquer mini loja de eletrônicos tem coisas nerds animais, como games, coisas pra PC (desde pen drives até memória RAM) etc., e tudo a um preço acessível (diferente do Nintendo DS a 800 reais que a gente vê por aqui). Blah.

Ao conhecer Chicago eu notei o quanto Orlando e Miami são fachadas. Ao chegar em Miami, só vemos carrões nas ruas, boa parte deles tunados, com neons e tudo mais, transatlânticos enormes ancorados, Guns'n Roses tocando na rádio local, casas exuberantes... Andar em Miami era como andar no game GTA Vice City. Olhar pros carros era como jogar Need for Speed. Dá a ilusão que o pais todo é assim. Mas Miami e Orlando são pros EUA como o Rio de Janeiro é pro Brasil: um cartão postal, uma fachada. Fui ver um carro popular só em Chicago. E muitos deles. Fui ver mendigos nas ruas só em Chicago (e passando frio na neve). Fui ouvir falar de "não é bom passar em tal parte a noite pois é perigoso" só em Chicago. Mas uma coisa é fato: mesmo nos locais onde se falava que era perigoso, nenhuma casa tinha muro ou cerca. E fora do centro, não se via prédios comerciais ou residenciais, era tudo casa.

O que mais gostei:
Da experiência em si. Ter que se virar numa cidade estranha, e ainda em outra língua, agregou bastante pra mim. Falando pontualmente, gostei de ter conhecido os parques da Flórida e de ter visto neve. Mas o que mais gostei foi de ter conhecido várias coisas de lá, e ter voltado pra minha terra depois. Não gostaria de morar por lá. A cultura daquele povo difere muito do estilo de vida que estou acostumado a levar, e mesmo que financeiramente lá seja melhor que aqui, eu gosto daqui.

E toda essa história começou com um simples desejo de querer ver alguma coisa nova. E as coisas novas vieram a cavalo. Fiquei sabendo nessa semana que a partir do dia 2 de janeiro do ano que vem já embarcarei pra outra viagem, dessa vez pra Argentina. Então repito o que disse na parte 1: "cuidado com o que você deseja"... Pois pode virar realidade!!!

Té++

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